quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Morte ao Plano Inclinado?

Medina Carreira sempre foi considerado pelos actuais governantes e pelos defensores de um regime político e económico e financeiro em decrepitude acentuada como um apóstolo da desgraça, um pessimista inveterado, um “tremendista” enquistado, um bota-abaixista dos diabos.

O homem truculento a silenciar era alguém que vinha da esquerda e à qual ainda se dizia sentir ligado, que tinha sido empregado de fábrica na juventude, que tinha trabalhado para tirar direito, que gostava de economia que não pode cursar, que amava fazer contas e cálculos em redor dos dados da nossa vida económica e financeira das décadas do século vinte e também da primeira deste novo milénio.

Só que as contas e conclusões que ele ia apresentando num tal “Programa Plano Inclinado”, exibido semanalmente pelo canal “SIC-Notícias”, deviam incomodar muita gente boa e bem posicionada dentro deste regime em que Portugal vem a viver há décadas. E os interesses são muitos, correm por muitos corredores, até os do poder por maioria de razão.

Ainda por cima o Dr. Medina Carreira cada vez mais ia levando para o seu espaço de pessimismo e contradita com a trágica situação do sistema político e económico-financeiro outras personalidades com destaque em vários domínios da nossa vida intelectual.

O “Plano Inclinado” ia navegando por entre o marasmo das águas turvas e do lodaçal trágico que está instalado em Portugal. Contra a corrente dominante dos bonzinhos, dos optimistas, dos politicamente correctos, das boas e velhas esquerdas e direitas, que se entretêm a mandar na Nação.

Medina Carreira estava a cumprir um papel insubstituível e indispensável de pedagogia democrática para com os seus concidadãos. E dizia a bons e plenos pulmões em canal aberto que para si-mesmo não queria nada nem vinha a qualquer prato de lentilhas. Medina Carreira era uma voz fora de um baralho viciado. Mas era muitíssimo clara a sua mensagem: alertar os portugueses para uma realidade nacional que tem estado escondida do debate público da Nação!

Agora ao que se sabe, e ainda é quase nada, a direcção de informação do canal “SIC-Notícias” terá decidido suspender o Programa. E no último sábado, à hora habitual do mesmo, às dez horas da noite, substituiu-o já, sem mais, por um trio de comentadores da Bola.

A boa e cara Bola. O “circo”, porque o pão da nossa boca ou dos nossos olhos e ouvidos, fora colocado “off-side”.

Melhor era impossível. Já nem na SIC podemos ter alguma válvula de escape para esta “Mentirocracia” que se quer apoderar dos nossos votos, dos nossos bolsos e do nosso futuro colectivo? E ficamos entregues a quê? Aos trios do futebol e aos comentadores de pacotilha que nem contas querem ou sabem fazer?

Vamos ver como será o desenvolvimento desta cena nos próximos dias para se ver se se confirmam as nossas piores expectativas. Se o Programa se tiver “finado” é um claro exemplo de que o nosso regime não suporta testes sérios e credíveis à sua narrativa falsa e trágica que nos trouxe até ao abismo da mais que já provável perda de governação própria e soberana. Que era tudo o que Medina Carreira mais temia e para que mais intensa e analiticamente alertava!

José Pinto Correia, Economista

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

“A Mentirocracia”

Os regimes políticos, os homens que os fazem, as próprias instituições que os instituem, nunca são perfeitos. Mas podem e devem ter uma moral que resista às pequenas e legítimas provas do que é o bem e o mal, do que é o certo e o errado, do que é o legítimo e o ilegítimo, do que é a realidade e a ilusão, do que é a obra e a propaganda, do que são os factos e as manipulações, em suma, do que é a verdade e a mentira. Em Portugal o poder que nos tem governado, ilustrado ao seu mais alto nível de responsabilidade política na própria pessoa do seu Primeiro-Ministro, é tudo o que de mais contrário é o apanágio de uma boa e decente governação. Bem ao invés de uma moralidade inatacável, este Governo e o seu máximo responsável têm uma moral duvidosa e tristemente enganosa. Pode mesmo já hoje dizer-se que em todas as inúmeras manobras, dissimulações, falsidades, o Primeiro-Ministro e o seu Governo são um tristonho exemplo de “um infeliz mundo moral”. Portugal já hoje não tem dúvidas de que tem sido governado com base frequente na irresponsável mentira, na falsidade e na falsificação, nas manipulações grosseiras, nos erros propositados, nas despudoradas utilizações de números e de estatísticas efémeras e desvirtuadas, tudo para criar um falso mundo que a realidade crua e dura tem vindo a desmentir trágica e copiosamente. Como dizia Voltaire: “A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. E foi José Sócrates e a sua habilidosa e truculenta maneira de fazer política e de governar a Nação Portuguesa que deu nestes anos recentes uma infeliz e trágica razão ao raciocínio de Voltaire. Portugal vive agora em 2011, como tem vivido ao longo destes últimos anos, uma política de mentira, que transformou a própria mentira na indecorosa “política da mentira”. A governação em Portugal tem sido transformada, desta forma manobradora e esquemática, numa vil e trágica “Mentirocracia”.

José Pinto Correia, Economista

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Portugal Sustentável 2010-2020?

Quem quiser reflectir sobre aquilo que Portugal pode ser nesta década e construir os cenários possíveis da evolução da economia e da sociedade portuguesa deve ter em consideração as seguintes linhas de força:

Evolução Demográfica (Pirâmide Etária)

Relação Jovens e Idosos e Activos e Pensionistas/Reformados

Potencial de Crescimento Económico e Evolução do PIB

Perspectivas de Crescimento do Emprego e Níveis de Desemprego

Custos do Desemprego Estrutural

Custos da Dívida Pública e dos Juros Anuais no PIB

Custos da Educação Pública (Incluindo o Ensino Superior)

Custos do SNS

Evolução do Quadro Financeiro do Sistema de Segurança Social

Encargos Gerais da Nação (Defesa, Justiça, Administração Interna e Segurança, Negócios Estrangeiros)

Fluxos Previsíveis de Emigração e Imigração

Não podem existir dúvidas que as simulações resultantes das evoluções previsíveis de todas estas linhas de força que orientarão a evolução económica, social, cultural e política de Portugal são ameaçadoras.

O País tem de fazer a reversão das limitações enormes que delas resultarão e só o pode realizar se optar por um modelo completamente diferente de organização da sua vida económica e social.

A criação de riqueza e o crescimento económico têm de ser prioridades absolutas. A narrativa de que se pode estar sempre a distribuir aquilo que a economia gera tem de ser substituída pela nova e mais criativa de que é preciso criar riqueza, muita riqueza, para poder depois distribuí-la pelos projectos e as pessoas que mereçam essa ajuda e apoios.

Esta mudança profunda também fará com que o Estado se reposicione como catalisador e provedor dessa riqueza, favoreça a criação de empresas e actividades económicas, e regule efectivamente os sectores que têm de ser competitivos e concorrenciais. E esse mesmo Estado tem também de ser activo e eficaz como estratega, como planeador do desenvolvimento económico, e também como agente redutor das indefinições e imprevisibilidades da inserção mundial do País nas cadeias geoeconómicas e geopolíticas da globalização competitiva.

O Estado tem de ser forte naquilo que pode ajudar a economia e a sociedade a gerar iniciativas, negócios, rendimentos e empregos qualificados. E apoiar decisivamente os empreendedores estrangeiros que tenham o objectivo de criar empresas relevantes em Portugal.

Tem de haver, por conseguinte, um novo e muito amplo movimento de reconfiguração da nossa economia e sociedade, gerado e iniciado pelas empresas nacionais e estrangeiras, e que tenha num Estado reconfigurado no seu papel um bom e motivado apoiante e incentivador.

Este é um projecto para toda esta segunda década do século XXI e que também implicará uma nova abordagem e prática da política e uma nova configuração do respectivo sistema em Portugal.

José Pinto Correia, Economista

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Portugal Sustentável 2010-2020?

Quem quiser reflectir sobre aquilo que Portugal pode ser nesta década e construir os cenários possíveis da evolução da economia e da sociedade portuguesa deve ter em consideração as seguintes linhas de força:

Evolução Demográfica (Pirâmide Etária)

Relação Jovens e Idosos e Activos e Pensionistas/Reformados

Potencial de Crescimento Económico e Evolução do PIB

Perspectivas de Crescimento do Emprego e Níveis de Desemprego

Custos do Desemprego Estrutural

Custos da Dívida Pública e dos Juros Anuais no PIB

Custos da Educação Pública (Incluindo o Ensino Superior)

Custos do SNS

Evolução do Quadro Financeiro do Sistema de Segurança Social

Encargos Gerais da Nação (Defesa, Justiça, Administração Interna e Segurança, Negócios Estrangeiros)

Fluxos Previsíveis de Emigração e Imigração

José Pinto Correia, Economista

“A Sub-Democracia”

A Sub-Democracia é o melhor dos Mundos. E o melhor dos regimes políticos. Todos têm direitos infindáveis, eternos, intocáveis. Garantias para praticamente tudo, muito de cada coisa, gratuitidades, magnificências inalienáveis. E um texto sagrado contempla todo este “Mel Eterno”. Nesta Terra vendem-se ilusões, enormes, infindáveis, há muitos anos. Obras ímpares, muitas e grandiosas, tecnologias novas colossais e fenomenais. Subsídios, gratificações, apoios. Cada criança é logo à nascença cidadão e contribuinte do Estado benevolente e Pai. Há cornucópias de bondades patrocinadas pelos intrépidos dirigentes, sempre fazedores dos superiores interesses dos governados. Uma gesta dos melhores, dos mais capazes, dos autênticos, dos maiores. E à frente de todos um Maioral. Engenheiro das almas crédulas e agradecidas. Um timoneiro intrépido e luminoso. Rodeado por outros bons homens e mulheres, seus ajudantes na longa marcha pela modernidade. E até há eleições de vez em quando. Votam nelas os que querem e renovam as legitimidades dos mandadores. E se há alguns que querem e não podem participar nestas escolhas, uns milhares que sejam, não importa. Tem disso, dessas minudências, a grande marcha para o novíssimo País. Inquire-se o que poderá ter corrido menos bem, porque a bondade e imaculada ordem do regime tal implica. Inculpa-se um administrador da coisa pública, e expiam-se outras inculpações. Ficam de fora os bons ajudantes do Maioral, como convém. A grande marcha continuará, pois então! Os direitos estão garantidos no texto sagrado do regime. Nada muda ou mudou. Tudo está bem e continuará como dantes. É assim a nossa majestosa Sub-Democracia. Um regime magnífico feito para o povo, por uns quantos insignes e óptimos. E optimistas como sempre. A engenharia independente criadora vai “simplexificar” tudo aos endividados cidadãos. Até o trabalho de votar de quando em vez…!

José Pinto Correia, Economista

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Manobrismo do Senhor Vermelho!

O Vermelhinho Louçã jogou uma carta viciada. Ele só quer divagar dos sérios problemas da Nação. Não tem qualquer interesse e vocação para os resolver. Para ele quanto pior melhor. A “manobrada” de baixo calibre só serve para inventar discussões medíocres e sem qualquer efeito na vida dos que estão a sofrer coma incúria do PS. E desvia obviamente a atenção dos portugueses da falta de Governo que inexiste de facto. Chegará a altura certa de os portugueses alijarem esta canga socialista. Mas isso será quando tiver mesmo de ser, na altura que todo o País já reclamar inequivocamente. Não falta uma enormidade. Vale a pena ter estratégia e serenidade. Porque a mudança tem de ser profunda e consequente!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Nova Economia de Portugal (2010-2020)

Portugal viveu estes últimos quinze anos sobre orientações de política económica de matriz predominantemente socialista.

Aliás, se quisermos ser absolutamente rigorosos, desde Abril de 1974 que têm imperado no Portugal democrático sem interrupção visível escolhas e decisões económicas que privilegiam a intervenção excessiva do Estado na vida económica. Assim, se têm retirado à economia portuguesa as margens de liberdade e de capacidade de autodefinição e de investimento que são próprias dos ambientes económicos ocidentais mais liberalizados, onde a iniciativa privada tem muito maior autonomia e espaço de afirmação mais largo, sendo também mais capaz de criar riqueza e empregos sustentáveis pela rentabilidade das empresas.

A economia portuguesa tem bem ao contrário dessa afirmação de liberdade económica privada sido determinada fundamentalmente pelo poder de muitos monopólios públicos até muito dentro da década de noventa do século vinte, os quais foram sendo desde aí parcialmente privatizados com recurso a muito endividamento dos novos accionistas privados que recompraram essas empresas. Mas esses monopólios ora privatizados mantiveram, contudo, uma intervenção forte do Estado que neles continuou a deter o poder de accionista privilegiado e a determinar muita das respectivas escolhas e orientações estratégicas.

E também acontece que estes monopólios actuando em sectores determinantes da economia nacional nunca estiveram realmente submetidos a níveis de concorrência nacional ou internacional que os obrigassem verdadeiramente a afirmarem mais do que o seu usufruto das rendas de monopólio que vão serenamente obtendo pela sua situação inquestionada nesses mesmos sectores da economia.

Por outro lado, e com especial relevância, também se constatou que os governos socialistas que têm governado há mais de uma década o País nunca foram capazes nem estiveram interessados ou empenhados em definirem estratégias económicas e industriais que fizessem aparecer novas iniciativas de média dimensão em sectores de bens transaccionáveis para os mercados externos, projectos empresariais esses que estivessem devidamente inseridos na lógica económica prevalecente da globalização competitiva onde Portugal passou a estar nitidamente desde os meios da década de noventa. Bem ao contrário, as doutrinas defendidas e as opções correspondentes dos Governos socialistas tenderam a negar o fenómeno imparável e as consequências da globalização competitiva no posicionamento económico e estratégico de Portugal.

Por isso mesmo, estes Governos de inspiração doutrinária socialista tenderam sempre sistematicamente a privilegiar a intervenção do Estado nas grandes empresas monopolistas parcialmente privatizadas, onde aquele detinha poderes especiais de orientação estratégica como accionista privilegiado.

Foi assim que durante mais de uma década, desde meados dos anos noventa do século anterior, sob a égide governamental da mesma inspiração económica e política, não se viram aparecer novos projectos industriais significativos em Portugal, nem o delinear de qualquer verdadeira estratégia industrial para o País, que passara a estar submetido a novos graus de exigência de competitividade internacional.

Ao invés, bem ao invés mesmo, foram sendo estimuladas e preferidas económica e financeiramente as actividades de serviços e de bens não transaccionáveis, fazendo o Estado ao mesmo tempo inúmeros e maciços investimentos em infra-estruturas que pouco significaram para o estímulo e o surgimento das actividades industriais e exportadoras para os mercados internacionais.

Mais ainda, o Estado matricialmente socialista que inspirava a elite governante criou teias burocráticas imensas e praticamente insanas para o surgimento de novas iniciativas industriais, gerou um ambiente legal e fiscal esmagador e internacionalmente pouco competitivo, e promoveu políticas de distribuição da riqueza que já não estava a ser criada. Isto porque durante toda a primeira década do século XXI o produto interno bruto, ou seja a riqueza nacional, praticamente estagnou.

Distribuiu-se durante toda uma década, ininterruptamente e com uma narrativa constante de mais promessas e ilusões salvíficas, mais e mais aquilo que cada vez menos se produzia.

Chegou-se assim, nesta cadência distributiva sem geração de riqueza nova, ao ano de 2010, depois de se terem feito também sentir sobre uma economia em franca perda de potencial os rigorosos efeitos da crise global, com muito menos empresas dos sectores tradicionais, muitos milhares de empregos perdidos, e sem qualquer perspectiva de melhoria dos rendimentos e de crescimento económico sensível num horizonte de vários anos.

Para os próximos anos, o mesmo Governo socialista apresentou um “Programa de Estabilidade” sem crescimento visível até final de 2013 pelo menos, com uma economia sem iniciativa privada forte, sem novos investimentos de média dimensão em projecto, com os mesmos monopólios de sempre retirando rendas massivas da sua preponderância apoiada no braço forte do Estado accionista. Este mesmo Governo socialista, que reinou quase ininterruptamente nos últimos quinze anos, é agora de novo completamente incapaz de apresentar ao País uma estratégia económica de crescimento sustentada em novos projectos empresariais vocacionados para sectores da economia industrial e dos bens transaccionáveis voltados para os mercados internacionais da exportação.

É esta economia de inspiração socialista em que Portugal vive há décadas que agora inquestionavelmente se demonstra ter chegado a um ponto de ruptura exibido pela absoluta incapacidade de encontrar caminhos e soluções para a criação de riqueza e emprego num ambiente competitivo global que caracteriza hoje o Mundo e o continuará a dominar pelas décadas que aí vêem.

Portugal precisa, por isso mesmo, muito urgentemente, de definir um outro modelo económico e de repensar o Estado e a sua intervenção e capacidade de orientação estratégica na economia. O Estado tem de deixar de ser empresário e accionista para ser efectivamente um definidor e promotor das estratégias de crescimento económico que o País precisa para produzir novos bens e serviços exportáveis, criar muito mais riqueza e empregos mais qualificados.

Só com mais riqueza disponível no País é possível que esse mesmo Estado possa ser um eficaz e justo promotor de maior justiça, distribuindo aquilo que recebe em impostos pelos estratos populacionais que em cada momento, e justificadamente, necessitem de ser auxiliados para encontrarem novas oportunidades de afirmação das suas capacidades individuais ou uma maior dignidade humana.

Portugal precisa hoje, nesta segunda década do milénio, mais de trinta anos depois de Abril de 1974, de um choque de iniciativa empresarial, de maior liberdade económica, de mais capitalismo e competição capaz de criar mais riqueza e prosperidade. Porque apenas distribuir o pouco que a economia actual tem capacidade de gerar só pode conduzir todos os portugueses sem excepção, durante muitos anos próximos, a mais empobrecimento, pobreza e desemprego massivo.

Portugal precisa, por tudo isso, urgentemente, de uma nova política económica virada para o aparecimento de muitos novos projectos industriais de média dimensão.

E é para essa outra política económica, uma vez definida detalhadamente com a participação dos empresários portugueses, daqueles que sabem e querem correr riscos e criar nova riqueza, que tem de ser mobilizados os meios financeiros escassos que vão poder estar disponíveis no sistema financeiro, numa verdadeira parceria estratégica de cariz económico e financeiro.

Portugal terá pois de ter uma agenda de crescimento económico para toda esta segunda década do século XXI que incorpore escolhas por investimentos e produções que privilegiem as indústrias e os bens transaccionáveis, de modo a garantir taxas de crescimento do produto que se ultrapassem mesmo os valores máximos europeus e permitam criar empregos em ritmos e de qualificações elevados. Competir, investir, criar riqueza e empregos são as palavras de ordem desta nova década, tudo correspondendo a uma “nova política e economia” de e para Portugal.

José Pinto Correia, Economista

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

As Novas Soluções Socialistas para a Crise!

“O Governo revelou hoje que o jogo Euromilhões vai passar a ter dois concursos por semana a partir de Maio” (Diário Económico online).

Pronto, pronto, os bancos da Nação cada dia emprestam menos dinheiro às empresas nacionais. Têm mais necessidades de capitalização, recolhem mais depósitos dos clientes. Os empresários não vêem clima económico para novos investimentos. O desemprego não desce. O Ministro da Economia não sabe o que fazer e se tem realmente existência. Temos que criar a sensação de que há dinâmica económica. Então promovamos o jogo. E em vez de um novo milionário por semana duplique-se a taxa de criação de milionários da República. Publique-se um decreto-lei para esta engenharia social. O Presidente da República vai promulgar no mesmo dia. Bem-haja a grande ventura dos criadores de riqueza nesta ditosa Pátria de Camões. Longa vida aos grandes líderes!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

“Novo Ciclo Político”: Sim, Obrigado!

Portugal 2011. Vive mergulhado, submerso mesmo, numa tragédia financeira, económica e social. Está perto do “Fundo” e dificilmente escapará de “ir ao Fundo”. Aqui fomos conduzidos por muita e profunda incompetência e uma alarvice de propaganda sem primor nem vergonha.

Por mando e a ordens de quem nestes vários anos? Por um Governo e um Primeiro-Ministro que ainda há um ano apresentavam eleitoralmente ao País o “Sol na Terra”, uma cornucópia de promessas, um rodo de dinheiros para tudo e todos, uma palete de novos e grandiosos projectos públicos, e uma maré imensa de “rosas” a serem distribuídas do Minho ao Algarve até à eternidade do tempo que fosse o destas senhorias que tomariam conta do Estado, do Povo e da Nação.

Quis-se construir, numa mastodôntica maquinação de engenharia social, uma Nação de portugueses dependentes e obrigados a um Governo e ao seu Estado, tomado de assaltos sucessivos por uma camaradagem imensa espalhada por todos os mais diversos braços dessa imensa máquina, dirigida por esses reverendos apaniguados, todos devidamente enfeudados às ordens e ditames dos chefes do partido e do Governo.

Há pois em tudo isto, nesta enorme e insana deturpação da nossa vida democrática, uma moral, ou melhor dito uma enormíssima imoralidade, que importa fazer sobressair para poder avaliar devida e aprofundadamente toda esta funesta governação socialista. Porque a política tem de ter uma moralidade associada, pautar-se por valores e princípios de confiança, de bondade, de verdade, e de credibilidade, sob pena de os eleitores e cidadãos sentirem que a política é uma coisa que lhes é estranha, da qual cada vez mais desconfiam e que tendem a desprezar, e no final acabarem a depreciá-la por completo (a abstenção, os votos negativos e nulos e brancos lá estarão a confirmá-lo, depois inexoravelmente!).

Não se pode pois ver impassivelmente fazer política chefes partidários e de Governo que para conseguirem os votos dos eleitores, que lhes permitam conservar-se no poder a todo o custo, tudo prometam, assumam quaisquer compromissos e façam as mais irresponsáveis promessas, de forma deliberadamente enviesada para com a realidade que conhecem mas que desprezam, tudo feito numa mera ânsia de ganharem os votos dos eleitores e assegurarem a sua manutenção no exercício do poder.

Não, não, a política tem de ter nobreza, ser portadora de ideais, e os seus protagonistas maiores têm de ter carácter acima de suspeita, serem capazes de assumirem agora apenas o que podem cumprir escrupulosamente no futuro, falarem hoje daquilo que sabem ser verdadeiro, mostrarem a realidade aos seus eleitores e apoiantes, criarem a noção nos eleitores de que serão confiáveis e credíveis quando chegarem ao exercício da suas funções de governação.

Tudo isto é a moral na política, e esta passa pela personalidade de cada líder político, pelo modo claro e transparente como ele se afirma perante os eleitores, de modo a que estes quando votam tenham a intuição de que os que vão eleger lhes transmitem a garantia de que vão corresponder aos seus anseios e expectativas e fazerem no exercício do poder de Estado aquilo que prometeram ou afirmaram que queriam vir a concretizar.

A política não pode ser reduzida a um jogo obscuro de sombras e de espelhos, de disfarces e de dissimulações, de falsidades e de ilusões, onde tudo e o mais parece ser possível, para se transformar algum tempo depois das eleições no mais completo dos contrários e inversões de decisões, escolhas e projectos, feitos ao completo arrepio da palavra dada e de todas aquelas imensas expectativas criadas durante as campanhas eleitorais.

Os políticos não podem ter várias caras e personalidades. Dizerem hoje o preto e amanhã o branco, prometer agora benemerências e mais tarde, pouco tempo depois, retirarem tudo a quase todos. Isso é desmerecer o carácter necessário para se liderar ou governar um País e uma Nação!

Os eleitores, cidadãos maiores que participam na vida democrática do seu País, exigem consideração e rigor com a palavra dada. Nem tudo pode ser possível na política apenas para manter o poder. Tem de haver valores e princípios na vida política, sob pena de se descaracterizar a própria democracia e de se prostituir a actividade política, que deve ter a nobreza própria do seu insubstituível papel na boa organização da sociedade humana.

Há que pôr seriedade bastante e indiscutível na política, e exigência popular sobre as mentiras e as falsidades. Nem tudo pode ser permitido a quem Governa e faz política em Portugal!

A política tem de ter credibilidade, ser de confiança, e a legitimidade não repousa apenas nos votos quando estes forem conseguidos na base de falsas ideais e compromissos. Têm de se conhecer os valores que pautam a vida política e as opções e compromissos dos actores políticos. Saber-se o que é o bem ou o mal, o que é certo e errado, o que é exacto e falso, o que é verdade e mentira.

Os políticos não podem ser, porque não são, todos iguais. Há quem queira fazer, tem de haver quem faça, política com seriedade, com verdade, com rigor, com credibilidade, e serem actores/agentes em quem os portugueses possam confiar.

Não, não, na política não pode valer tudo, hoje o vermelho, amanhã o preto, ontem o céu, depois de uns dias o inferno. A política tem de ter uma moral e gente que se bata pelos valores que essa moralidade implica. A legitimidade não se esgota nos votos, ela é afirmada ao longo do tempo pelo escrupuloso cumprimento da palavra dada em campanha eleitoral e pelo modo verdadeiro e impoluto de fazer política.

Por tudo isso, a nossa vida política e a trágica situação presente de Portugal (“FMI: Sim, Não, Talvez!”) deixa várias importantes e decisivas questões sem resposta e que implicam responsabilidades tremendas dos actuais governantes no caminho que está a ser prosseguido. Muitas das actuais decisões que têm vindo a ser tomadas pelo actual Primeiro-Ministro e Governo deixarão mais uma enormidade de encargos para todos os portugueses que continuarão a viver em Portugal.

Exigem-se hoje em Portugal respostas inequívocas e atempadas para questões como as seguintes:

Quais os custos financeiros e económicos da opção governamental, assumida pelo Primeiro-Ministro e pelo Ministro das Finanças, por Portugal continuar a prescindir de um apoio financeiro internacional específico e de médio prazo, devidamente negociado num quadro temporal amplo, e continuar a ir aos mercados obter os imprescindíveis financiamentos externos da dívida pública e das grandes empresas, na base de um “rating da República” desvalorizado e com tendência para ainda se desvalorizar mais com a actual situação das finanças públicas e as restantes opções governamentais?

Quais as consequências de adiar ainda por não se saberá quanto mais tempo um conjunto de reformas estruturais, da economia à justiça e ao Estado e à educação, e de ter uma efectiva estratégia de médio prazo que permitisse vislumbrar uma nova era de crescimento económico possibilitado pelo mecanismo financeiro de médio prazo e pelos consequentes ajustamentos económicos e estruturais que tal estratégia comportaria?

O Primeiro-Ministro em funções procura agora indisfarçavelmente escapar por entre esta trágica situação para tentar mostrar hipoteticamente, como agora se diz, embora seja cada vez mais duvidoso, a resiliência sistémica de Portugal e a dele próprio, evitando ao mesmo tempo a realização das reformas estruturais de que o País carece para ter um ciclo de crescimento económico e de geração de emprego. Mas a que preço será feita mais esta manobra de arrogância e sobranceria irresponsável?

E tal será feito, ao que tudo novamente parece indiciar, com total irresponsabilidade futura deste mesmo Primeiro-Ministro e do seu inconsequente Governo, apenas para os fazer sobreviver a ambos, quando são ao mesmo tempo já demonstradamente incapazes de definir uma visão e uma estratégia de médio prazo para o País. Onde é que tal resiliência nos conduzirá e que será depois dito aos tais portugueses que por falta de melhor oportunidade e opção ficarão a viver em Portugal?

Estas são questões essenciais que estão inerentes ao actual panorama político-governativo e económico e financeiro e serão devidamente colocadas e debatidas neste ano de 2011, já com o Presidente da República reeleito e em funções efectivas.

E são os portugueses, todos eles desde os desempregados aos jovens e idosos pensionistas, aos empresários de todos os sectores e das empresas de grande e pequena dimensão, que exigem respostas profundas que não se cinjam a uma outra mera tentativa, custosíssima para Portugal, de sobrevivência do actual Primeiro-Ministro e do seu Governo.

Está por tudo isto, necessariamente, aberto um “Novo Ciclo Político” (com maiúsculas como se impõe) que possa dar origem a uma nova vontade, visão e projecto de governar Portugal, tendo como propósito maior o de constituir uma alternativa de esperança nacional e de crescimento económico, portadora de emprego e melhoria das condições de vida e de bem-estar para as gerações de portugueses que aceitem ficar no País a edificar esse “Novo Futuro”.

José Pinto Correia, Economista