quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mudar, Mudar, Mudar!

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Se todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades…”


I


Ressurreição é vitória da vida sobre a morte. Da virtude sobre a desdita. Da vontade sobre a dormência. Da imaginação sobre a arrogância. Da bondade sobre a maldade. Da sabedoria sobre a virulência. Dos homens sobre as bestas. De nós, portugueses, sobre os vendilhões dos templos. Venceremos, pois, com as armas que nos são dadas à mão! Em Junho vamos juntos procurar um caminho novo, com dificuldades certas, com dureza e sacrifícios, mas com a nossa vontade de povo multissecular que tem uma história imensa, feita de memórias de obras enormes e de lutas intensas. Vamos a votos pela mudança imprescindível. Para que possamos renascer com outra esperança e confiança em nós mesmos e no nosso futuro comum.



II


Para reemergirmos como Nação precisamos das forças profundas da nossa comunidade secular. A vontade de todos é necessária, com sonhos realistas que nos dêem a esperança de que é possível renovar a vida comum. Esforços, sacrifícios, lutas, angústias mesmo, todos esses escolhos têm de poder fazer sentido. Com exemplaridade, desde cima a baixo! Muita exemplaridade mesmo!



III


Há uma cultura de dependência instalada desde sempre em Portugal. Que foi sendo reforçada nestas últimas décadas. E que se traduziu num Estado absorvente de recursos e limitador das iniciativas. Falta o espaço de afirmação da capacidade e da liberdade individual em demasia entre nós. E assim é fácil instilar um clima de medo. Que vem agora ao de cima propagado pelos usuais “mandadores da coisa”. Fazem ameaças, inventam fantasmas e criam receios e temores nos mais fragilizados que eles não ajudaram a autonomizar-se. Montaram as dependências que agora traiçoeiramente afligem. Fazem política com base no medo. Que fazer contra tal estratégia venenosa?



IV


Contra o medo que brandem os mandantes do apodrecimento da liberdade individual há que afirmar a iniciativa dos indivíduos, a esperança do trabalho como meio de construção da vida pessoal e familiar, o rigor das tarefas e dos compromissos, a humildade dos competentes, e a capacidade de lutar pelos sonhos de cada um. E acima de tudo afirmar os princípios da economia livre, dos empreendedores e empresários, do crescimento da riqueza como única forma de combate sério e efectivo à pobreza e ao desemprego. E ter também a humildade de reafirmar o apoio solidário e firme aos mais desprotegidos nos tempos dificílimos que o País vai atravessar. E nunca vender ilusões de que vai continuar a ser possível distribuir, distribuir, distribuir, tudo a todos. Isso foi o que nos trouxe até ao abismo de que vamos ter de sair. Combater o medo e a miserável estratégia política que faz dele a sua ardilosa arma de combate é, pois, absolutamente vital para trazer à ribalta a firme vontade de mudança.



V


Quem quer ser e viver livre tem de ser capaz de se responsabilizar pelos seus deveres e cumpri-los rigorosamente. De contribuir para solucionar os pequenos problemas e exigências do seu dia-a-dia. De poupar para amanhã o que hoje tem a mais. De exigir a si primeiro do que aos demais. De poder ser um exemplo para os que o cercam ou consigo vivem e trabalham. De criar os seus filhos com dedicação, carinho, mas também com a firmeza dos valores da sobriedade, da exigência, do rigor e da ética do trabalho. Quem quer ser livre afirma-se sobretudo pela sua capacidade de iniciativa, pelo modo como agarra com firmeza e motivação as suas oportunidades, pela vontade de construir o seu espaço de dignidade, pela forma responsável como assume os seus deveres e escolhas e como, na partilha de um autêntico espírito comunitário, contribui para o bem comum.



VI


O programa eleitoral do PS já está escrito. Mesmo antes de se conhecerem as exigências duras que a Troika vai fazer a Portugal. Quer isto dizer precisamente o quê? Que para o PS de Sócrates qualquer coisa serve para apresentar aos portugueses? Que agora perante uma situação extrema de dificuldades nacionais que vão durar anos o PS actua de novo como sempre fez no passado recente, aliás. No Programa, o engenheiro Sócrates manda escrever o que lhe vai nas ganas e depois lá pelo meio ver-se-á? Não aprende nada este PS! Compromete-se com quê? Independentemente de todas as exigências do FMI, da União europeia e do Banco Central Europeu? E cumprirá depois o quê?



VII


O PSD fez vários pedidos de informação legítimos ao Governo sobre as diferentes incidências das contas futuras da Nação. Que respondeu o Governo/PS? Até agora nada. São donos de Portugal? Ou, mais do que isso, julgam que vivem em regime de partido único? E vão apresentar um programa eleitoral? Um programa? Ou uma manta de retalhos, reescrita a cem à hora, que diga tudo e o seu inverso? Vai ser uma canseira ler este Programa nas áreas das finanças públicas e do crescimento da economia, ou da justiça e da reforma do Estado!



VIII


O estado a que o engenheiro Pinto de Sousa conduziu as finanças públicas portuguesas impõe que seja pedido um empréstimo ao Banco Europeu de Investimentos para que haja dinheiro para pagar as contribuições nacionais, que são minoritárias, dos projectos comunitários do QREN. Vêm agora os primeiros 450 milhões de euros do total pedido de 1.500 milhões. Isto passa-se no mesmo Estado e Governo em que se anunciam muitas centenas de milhões de euros durante os próximos anos para as empresas públicas de transportes completamente falidas, e sem que se façam ou apresentem anúncios claros de reestruturação das mesmas. Ainda nos recordamos dos anúncios pios recentes do Ministro da Economia de que queria aumentar da noite para o dia as taxas miseráveis de execução do QREN. Agora o Dr. Vieira da Silva anda mais afanado e entusiasmado em compor as listas do partido para as eleições de Junho. Ganda Ministério e Ministro – atiraram com a economia para o vento e para a popa!



IX


Quantas e quantas centenas de milhões de euros vão custar a Portugal nos próximos anos as negociações em mercado da dívida pública portuguesa feitas por intransigência e obstinação do actual Primeiro-Ministro nos meses que decorreram desde Outubro de 2010 até à apresentação do pedido de resgate pelo seu Governo? Foi ele mesmo que ontem sem corar disse na TV que estava à espera de pedir o resgate apenas depois das eleições. Queria ir até ao fim sem pedir apoio europeu criando dívidas adicionais que ficaram aí para todos pagarmos, portanto. Temos por isso agora o direito, e até mesmo o dever cívico e de contribuintes, de exigir que nos sejam facultados esses cálculos antes de votarmos em Junho. Que são possíveis de efectuar por simulações! Muitas e muitas centenas de milhões de euros serão certamente!



X


As santas almas do PS que vão actuando na cena mediática dos dias que vão passando vêm com os espantalhos e fantasmas instilar o medo nas camadas mais fragilizadas e culturalmente menos politizadas. Eles dizem agora que defendem tudo e o mais que fosse. Mentem de novo, descaradamente. E fazem dos outros, traiçoeira e caricaturalmente, aquilo que estes não são nem querem fazer se governarem. Baixa política, à falta de mais... Para estas santificadas e puras almas socialistas, que enfadam sempre em coro monocórdico, os outros são sempre o Inferno. Que são ultra quê e não sei quantos mais e mais, neoliberais perigosos, e imagine-se, blasfémia máxima, até mesmo só liberais. E "Eles", os homens bons da “Rosa” são quê? Socialistas ortodoxos, ultra-socialistas, neo-socialistas. Ou simplesmente mentirosos, demagogos e traiçoeiros?



XI


Vai aí um grande e majestático coral de uma qualquer "união nacional". Muita concórdia, monocórdica, monocromática, benzida, refulgente mesmo. Mas temos um regime. Em degenerescência é certo, mas democrático, eleitoral, feito de alternativas políticas e programáticas. Agora, acima de tudo o mais, até meio de Maio, é preciso negociar e subscrever o programa de ajustamento com a Troika. Mas depois vamos à democracia. Com divergências nas visões do futuro nacional e nas propostas para reganharmos a esperança. A democracia não morreu! “União nacional”, sagrada ou abençoada: não, obrigado! Queremos a democracia e: Mudar, Mudar, Mudar!



José Pinto Correia, Economista

terça-feira, 26 de abril de 2011

Abril de 2011: Viva a Troika?

Medina Carreira em 2009, na primeira página do seu livro “Portugal que Futuro?”: “Portugal suporta uma crise, grave e duradoura, que é só sua e que só aos Portugueses compete resolver. Já desperdiçámos um tempo precioso e nada fizemos para atenuá-la, muito menos para superá-la. Poderemos empobrecer lentamente até que da Europa só nos reste a geografia. Poderemos fingir que tudo está no bom caminho, mesmo quando sabemos que não está. Poderemos confiar no acaso, com um optimismo que é apenas uma imensa irresponsabilidade” (fim de citação).


I


Quem são os inimigos públicos de Portugal? Quem disse que estava tudo a correr bem? E que o PEC IV resolveria tudo até 2013? Quem quer o TGV e mais? Quem desconversava sobre o BPN e o BPP? E sobre as empresas públicas? E sobre o Estado? E sobre tudo, tudo, e ainda fala em transparência das contas? São vários e têm nomes e rostos! Cometeram monstruosidades contra o nosso dia-a-dia e o futuro. São doentes e com instintos criminosos. Deviam poder ser julgados. Mas continuam irresponsáveis, nem são capazes de um honorável pedido de desculpas. Não têm sequer essa virtude. São imorais e fizeram política com intenções malévolas. Não são nem cristãos, nem sãos.



II


O FMI já liberta informação. Até 2012 precisamos, no mínimo, de 74 mil milhões. Ainda me lembro vivamente quando o Professor Medina Carreira dizia a quantos milhões é que nos estávamos a endividar por hora. E aumentavam de mês a mês. Onde andam agora os tais optimistas que nunca quiseram discutir aqueles indicadores? Estão alguns deles, dos maiores, a pedir consensos já. Para quê?



III


Estes malteses que andavam distraídos até ao terramoto, agora querem tudo resolvido de uma penada. E as contas da ignóbil mentira? Pensarão que os homens do FMI e do BCE não as vão saber? E que nós não temos direito a conhecer a verdadeira dimensão do que temos sobre o nosso futuro? Para que serve esse rápido olhar para o lado? Mais ilusões?



IV


Fez muito bem o líder do maior partido da oposição. Primeiro disse que apoiava o pedido de resgate. É mesmo disso que se trata. Mas agora quer conhecer a dimensão do descalabro. Para se poder comprometer democraticamente com o programa de ajustamento e com as propostas alternativas que pode vir a apresentar. Porque nem tudo está fechado. Há margem para opções. E para a política. Ainda!



V


Portugal vai estar em contra-ciclo com a UE. Vamos estar a “recessar” e todos os outros países, incluindo a Grécia e a Irlanda, a crescerem. E podemos vir a chegar a 2016 na cauda de toda a Europa. Tem de existir espaço para o crescimento económico no programa de ajustamento, como hoje disse o Presidente do FMI. Mas não é com mais políticas socialistas. Isso não é possível!



VI


Agenda 2011-2014: Solidariedade e Crescimento!


Felizmente para Portugal e os portugueses que o FMI/BCE não vão deixar espaço para mais loucuras socialistas. Pode e deve haver algum esforço para as situações de emergência social que já são evidentes e vão aumentar, mas todo o resto do dinheiro disponível, com redução séria da despesa pública, e o dinheiro do resgate, deve ser para incentivar a criação de riqueza e emprego. Solidariedade e crescimento serão os dois pontos da agenda destes anos próximos!



VII


Às 21 horas na RTP. Entrevista a um empresário, dos muito poucos com dimensão superior. Belmiro de Azevedo, que construiu a SONAE a partir do nada, depois do 25 de Abril. Podia ser um Primeiro-Ministro para Portugal durante os próximos quatro anos. Se houvesse política a sério. E vontade de repensar o País. Ele sabe como se cria a riqueza! Por mim fica aqui feito o convite. Engenheiro, empresário e gestor, Belmiro, tem a estatura moral e empresarial, e sabe de política, para o empreendimento. Que é enormíssimo! Essa seria uma verdadeira pedrada no charco da nossa agonia!



VIII


E como Ministro das Finanças? Com Belmiro seria fácil convidar Miguel Cadilhe, que já escreveu sobre muito do que há a refazer no Estado. Fariam uma verdadeira reforma do monstro, sobre isso não tenho quaisquer dúvidas! E para Ministro da Educação? Seria então possível convidar um homem como António Barreto. Que sabe como ninguém como evoluiu a nossa sociedade nestes trinta e tal anos, e de educação tem ideias sérias e profundas! E o Medina Carreira pergunta muita gente? Para mim acho que ele era muito útil como Ministro da Justiça. A pasta é das que mais pode ajudar-nos a dar a volta à tristonha economia que temos. E ele sabe muito de direito, nomeadamente do fiscal. Podia ajudar também o Ministro das Finanças que teria também a Economia. Vários coelhos! Cadilhe para as Finanças, Economia e Administração Pública. Mas com dois Secretários de Estado, um para a Economia e outro para a Administração Pública, acima de quaisquer dúvidas curriculares. Nomes seriam negociados mais adiante!



IX


Ah! E as Universidades a trabalharem para o futuro do País. A pensarem as políticas e as opções. E a darem o seu melhor para ajudarem a preparar as políticas públicas. Como fazem na Europa com muita frequência. E nisso o Ministro da tutela deveria ser um catalisador das parcerias!



X


Mas há mais! Os antigos Presidentes da República, especialmente Mário Soares e Jorge Sampaio, deviam andar pelo Mundo a restaurar a imagem de Portugal. E o próprio Freitas do Amaral, como antigo Presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas, também. Os dois primeiros deviam concentrar-se nos EUA e na Europa e Brasil e o último nos novos países emergentes, os BRIC.



XI


Álvaro de Campos - O Engenheiro de Pessoa:


"Ah!, a selvajaria desta selvajaria! Merda


Pra toda a vida como a nossa, que não é nada disto!


Eu pr´aqui engenheiro, prático à força, sensível a tudo,


Pr´aqui parado, em relação a vós, mesmo quando ando;


Mesmo quando ajo, inerte; mesmo quando me imponho, débil,


Estático, quebrado, dissidente cobarde da vossa Glória,


Da vossa grande dinâmica estridente, quente e sangrenta!"



XII


Como mudar? "Os problemas significativos que nós enfrentamos não podem ser resolvidos pelo mesmo nível de pensamento que os criou" (Albert Einstein). Outro nível de pensamento, portanto, é imprescindível para realizar a mudança efectiva. E isso é? Transformar os paradigmas que conduziram as atitudes e os comportamentos até à presente situação. E o que são os paradigmas? "Os paradigmas são os mapas das nossas mentes e corações a partir dos quais crescem as nossas atitudes e comportamentos e os resultados das nossas vidas" (Stephen Covey). Por isso, para mudar resultados é preciso mudar os valores que estão na base dos comportamentos e das atitudes. Das escolhas também. E essas mudanças implicam a alteração dos estímulos que existem na sociedade para motivarem as acções individuais e colectivas. A mudança tanto é individual como colectiva. E ambas produzem resultados visíveis nas situações difíceis de partida. Mudar é um processo que deve ser pensado e dirigido para os objectivos a atingir. E com os seus agentes e destinatários induzidos nas várias etapas, obviamente!



XIII


A gestão trabalha dentro de um paradigma;


A liderança cria novos paradigmas;


A gestão trabalha dentro do sistema;


A liderança trabalha o próprio sistema;


Gerem-se coisas mas lideram-se pessoas (Stephen Covey).



XIV


Estamos agora em Portugal a atravessar a denominada ruptura da curva sigmóide. A fase de criação de um novo paradigma. Que vai ser catalisado pela influência externa (FMI/UE). E estão agora visíveis pelos cidadãos as causas e as consequências de um modelo de desenvolvimento económico e social que faliu. Vai ter de ser criado outro em seu lugar, rapidamente. As condições para a sua aceitação são hoje imperativas.



XV


Vamos então falar de coisas nobres. De Nobre, de nobreza, de moral, de trajecto, de historial, de dignidade. Nobre tem feito muito pelo Mundo em nome de Portugal. É um homem livre e desempoeirado. Não tem baias partidárias. Conquistou simpatia de muitos dos seus compatriotas. Agora escolheu um lado para continuar a intervir. Sem servilismo. Mas caiem-lhe em cima os abutres da "coisa nossa", os donos de tudo!



XVI


O grande mestre da bancarrota veio à antena falar sobre a nobreza. E os cargos. Que são dos eleitores, disse. O mesmo que nomeou ou deixou nomear milhentos desconhecidos e outros mais da “camaradaria” ululante sem pedir a mínima aos cidadãos e contribuintes. E ainda vem rosnar sobre uma “merda qualquer” de que ele nem faz a mínima ideia. Vá de retro! Veja no seu quintal dos Infernos!



XVII


A Estrada da Luz!


Nascemos onde Deus quer. E os nossos pais vivem e labutam. Foi assim que nasci em Lisboa e vivi durante trinta anos na majestosa e radiante Estrada da Luz. Mais precisamente no benfazejo Bairro de São João. Feito nos princípios dos anos cinquenta, constituído por quatro quarteirões longilíneos de prédios de três andares e duas habitações em cada um destes. No meio havia um jardim com uns baloiços e um pequenino campo de futebol alcatroado. Aí brincávamos todos os meninos da minha geração longas horas, até ao fim das forças e do sol dos dias. O Bairro era uma família enorme. Todos se conheciam, ou quase, com intimidade, e compartilhavam a vida simples e dura daquele cantinho lisboeta. Em cada uma das oito esquinas das duas ruas do Bairro existiam as lojas. Desde a mercearia, ao lugar de frutas e ao sapateiro, passando ainda pelo talho e pelo café. No início de cada manhã, pelas sete de cada dia, saiam muitos de todas as portas rumo às paragens dos eléctricos e autocarros. Até às sete e meia andavam os carros operários com bilhetes de ida e volta mais baratos. Eu procurava ir sempre nesses. Todos os tostões contavam. E tinha de estar do outro lado da cidade, nas aulas do meu Liceu, em Alvalade, antes das oito e meia. Chovesse a cântaros ou não e tivesse lugar dentro ou apenas nos estribos do eléctrico. A vida da era impunha. Era "aquela era", a dos simples e dos cumpridores. Mandavam as necessidades e a intolerância regimental. Cresci assim. No meio de um jardim, nas ruas amplas de um belo Bairro, e cheio de brincadeiras e jogos com os meus grandes amigos. Uma infância e juventude cheias de boas recordações e felicidades. Na magnífica Estrada da Luz. A minha serena e luzente Estrada da Luz!



XVIII


Veio agora à antena o eloquente Secretário de Estado do Emprego, o doutor das ciências da educação, Valter Lemos. Descobriu mais uma novidade contra-económica. O desemprego registado no IEFP está a diminuir. E então vai de dizer que está mudar a tendência dos dois últimos anos. Prémio Nobel já para esta sumidade! Rendo-me! Vou-lhe pedir para me dar aulas de economia! Valter Lemos é um homem de contas e de aritmética. São conhecidos os seus textos sobre a relatividade das matemáticas. Acho mesmo que é uma mente super-brilhante. Nem o John Nash tem tanta criatividade estatística e matemática. Ainda vamos ouvir falar do "Equilíbrio de Valter". Porque então o de Nash terá ficado fora de tempo. Vergo-me, juro mesmo!



XIX


Hoje o Jornal de Negócios já enumera uma série provável de medidas que vão constar do programa de ajustamento. O FMI tem preocupações com a nossa competitividade. Que perdemos durante anos sucessivamente. As receitas económicas, melhor macroeconómicas, não são desconhecidas. Infelizmente entre nós nunca foram consideradas politicamente. Mas agora! Quem defende a vantagem dos anos oitenta com as desvalorizações do escudo, que trouxeram perdas enormes de rendimento e de consumo, e concomitante redução das importações, não poderá agora opor-se às medidas que vão simular essa desvalorização com uma moeda única de que não podemos sair. E elas vêm aí mesmo!



XX


A Solução do PCP e do BE?


PCP e BE querem o quê? A renegociação da dívida acumulada agora? E com quem? E para quando? Depois de o Estado cessar pagamentos em final de Maio? E os funcionários públicos, os pensionistas, os hospitais, as forças armadas, os tribunais, as cadeias, as autarquias, as escolas, os jardins-de-infância, os transportes, etc., etc., como ficarão? Esperam meses ou nunca pela renegociação sem dinheiro? E no fim dos tempos: uma revolução com nova ditadura? Viveriam os portugueses como a partir dessa solução final? Com que liberdades? As mais amplas como têm sido repetidamente enunciadas? O que quereria dizer efectivamente? Ditadura, sim, mas a boa: a comunista! Numa Europa democrática do século vinte e um, depois de o muro de Berlim ter caído há mais de vinte anos? Tenham paciência camaradas, mas agora Portugal vai ter de caminhar num outro sentido bem diverso do absoluto predomínio da herança estatizante em que temos vivido desde 1976. E com uma outra lei fundamental, também, indispensavelmente. Dívida a quanto obrigas!



XXI


João Salgueiro esteve há momentos na SIC-Notícias. O homem sabe bem o que diz sobre a nossa situação. E não o diz agora, di-lo há muito tempo. Vem de longe. Desde a antiga Câmara Corporativa e dos Planos de Fomento. Podia ter liderado o PSD quando chegou Cavaco. Fala por metáforas simples para ser pedagógico. Mas diz tudo... Perdemos competitividade durante uma década, disse. Desprezámos as condições para o investimento, interno e externo. A justiça é uma força de bloqueio ao crescimento. A educação tem perdas irreparáveis e milhares de alunos sem mercado de trabalho específico. A doença gravíssima é tanto dos políticos como dos eleitores: uns enganaram, os outros queriam ser enganados/iludidos!



XXII


Parece que existem divergências entre o FMI e a UE/BCE. O primeiro quer dar-nos melhores condições de crescimento e de sustentabilidade/solvabilidade potencial. Menores juros e prazos de pagamento maiores. Parece que na Europa há menos atenção aos nossos interesses essenciais. Que são: austeridade que não mate o crescimento e a solvabilidade. Europa ou FMI? Melhor é o FMI!



XXIII


O CDS exige e muito bem que sejam paradas as grandes obras e renegociadas as PPP. É do mais elementar para reduzir os níveis de endividamento futuro e repor alguma margem significativa de folga para reinvestir na economia produtiva que pode criar riqueza e empregos. E isso é imprescindível para voltar a colocar o País na competição por investimentos reprodutivos. O FMI vai concordar!



XXIV


Vão existir condições óbvias, na linguagem marxista, condições objectivas, para uma autêntica e profunda mudança no modelo de organização económica e social do Portugal de Abril. A revisão da lei fundamental vai estar aí na ordem das coisas. E os velhos mitos da narrativa socialista e comunista, que nos enredaram na trama da pobreza, vão cair. "Noblesse oblige", que traduzido diz: falência obriga!



José Pinto Correia, Economista

terça-feira, 19 de abril de 2011

“O Meu Estado Social”!

Os meus sogros viveram em Moçambique grande parte da vida e ali constituíram a família e o razoável património. A minha sogra era mesmo nascida lá. Voltaram em 1975 a Portugal sem nada. Ficou tudo o que era deles em Moçambique e para trás. Para restabelecer a sua vida de trabalho cá o meu sogro teve o socorro da Caritas de Setúbal. Como era sapateiro abriu um pequeno cubículo de arranjos de calçado. E assim viveram muitos anos. Apenas com aquilo que ele ganhava com o seu trabalho que em muitos dias durava até pela noite dentro. Ele reformou-se, quando chegou a idade, e passou a receber duas reformas que totalizavam cerca de quatrocentos euros; e uma delas foi legalmente reduzida para que do conjunto delas não resultasse maior valor do que os tais quatrocentos. A minha sogra recebia um subsídio especial de retornada de duzentos euros. Mas há uns dois anos adoeceram os dois gravemente. O meu sogro com a doença de Alzheimer e a minha sogra com a de Parkinson e uma síndroma demencial. A Segurança Social deixou de pagar os tais duzentos euros; por novas condicionantes legais. Ficaram sem se poder bastar autonomamente. Procurei ajuda no Centro de Segurança Social de Setúbal. Esperei um ano e tal. Sempre com a interlocução da assistente social que reconhecera presencialmente as debilidades de ambos. Um ano passado e nada. Nova tentativa: a assistente deu-me uma lista de lares do concelho de Almada para eu ir procurar. Todos cheios, listas de espera enormes nos mais condignos. Alguns, os da Segurança Social, tinham um ar de asilos. Fiquei entregue a mim e aos meus recursos. Para lhes pagar um lar privado que arranjei fiquei sem um dos ordenados que tinha. O da minha mulher passou a ir todo direitinho para pagar as mensalidades. Foi assim que o meu Estado Social veio bater à minha porta. E continuei a ouvir o Presidente da Segurança Social na Televisão a dizer que “cada caso seria um caso, e que a Segurança Social ia lá estar”. Qual Segurança Social, pergunto eu? A de Setúbal? Essa não existe, foi apenas preencher papel e entregar os meus sogros debilitados à sorte do meu bolso. Grande Estado Social o meu! Trouxe-me de volta à classe social de onde tinha conseguido sair depois de longos anos de estudo e de trabalho como funcionário do Estado.


José Pinto Correia, Economista

quinta-feira, 14 de abril de 2011

“O Circo da Agonia”

I


Pessoa dizia do Senhor de Santa Comba que nos tinha caído em sorte, ou em cima, que era o Sal e o Azar. Hoje caiu-nos o pior que seria de imaginar. Não temos apenas o Sal e o Azar, temos o Mal e o São. O Malsão. Doentiamente obcecado, perverso, perigoso, tabelião da desgraça. Criminosamente colado à cadeira, nem dela cai como o outro. Desgraçadamente. Desgraçada mente. Mente, mente...


II


"Por conseguinte, um senhor prudente não pode, nem deve, honrar a palavra dada se isso se voltar contra ele e se os motivos que o levaram a fazer promessas deixaram de existir" (Maquiavel, "O Príncipe"). Sócrates, Pinto de Sousa, está a cumprir neste preciso momento em Matosinhos esta receita maquiavélica. Honra, prudência, palavra? Como?



III


"Este Governo, no fim da legislatura, deixar-nos-á um Portugal mais empobrecido, mais desigual, menos apto para enfrentar os problemas que permanecem, desmobilizado e descrente, saqueado e farto deste concreto sistema político-partidário que até aqui nos conduziu" (Medina Carreira, "Portugal que Futuro?", página 146, 2009).



IV


Medina Carreira dizia no fim da legislatura em 2009. Já passaram mais quase dois anos. E temos o resgate à porta. E o mesmo chefe em palco sem assumir nada disto. E o PS a aplaudi-lo. Em que é que se transformou o Partido? Nem consigo nomear!


Tenho estado a ouvir as palavras ditas lá para Matosinhos. O PS vai ganhar os votos da nossa gente, dizem. O Dr. Vitorino, iminência fabulosa, diz para o Zé: “Vamos a eles! Temos o direito eterno da coisa". Essa “coisa nossa” que é Portugal, digo eu. Magnificamente Vitorino! Salazar não foi melhor! E deixou o ouro nas caves do Banco...



V


Manuel Alegre: "o capitalismo de casino foi a nossa perdição". Grande frase do homem da caça e da pesca. Que vem de volta à tona. Quero ver a excelsa figura a falar quando o homem do seu magistério, o enorme Pinto de Sousa, tiver de andar a privatizar as pérolas do regime e a cortar a sério nos donos da bola. Aí vai ser o quê? Socialismo de casino?



VI


Nos dois meses que aí vêm vamos exigir ao grande engenheiro que defina o tal "Socialismo de Casino". Com a contraparte do FEEF/FMI? Vai ser uma empreitada em peras. Privatizações para socializar os prejuízos? Reformas do mercado de trabalho para garantir direitos constitucionais? Reconfiguração do SNS, com pagamentos diferenciados, para salvar a gratuitidade do serviço? Escola pública universal e com quê mais?



VII


Portugal está como a bela Torre de Pisa. Alguém tem de segurar para que tudo não vá abaixo. Neste caso, com o resgate, terão de ser as próximas gerações a tratar da doença grave que foi criada. Alguém que pegue na bicicleta e que pedale esta empreitada. Só assim será possível, só assim terá razão!



VIII


David. De Miguel Ângelo. Depois de vencer a sua besta, o Golias, o personagem exprime uma serenidade superlativa. Que lhe vem da inteligência, da prudência e da verdade da sua luta. Uma metáfora de Portugal em 2011? Sim. E que o David desta imagem sejamos nós. Os portugueses da Nação e da Pátria de Camões, de Pessoa e de Vieira. Capazes de dar sentido às lutas de Afonso Henriques, do Santo Condestável e dos nossos egrégios avós. Levantai hoje de novo!



IX


59.695.200.000 Euros! Cinquenta e nove mil e seiscentos e noventa e cinco milhões de euros. O custo estimado das PPP. Que foram assinadas pelos homens da Rosa. Com parceiros. Muitos. Quem pagará? Os portugueses que, segundo a narrativa criminosa, tinham direito a tudo o que tinha faltado na ditadura anterior a 1974. Agora fica a ditadura da dívida colossal. Ditadores!!!


Ditadura imposta até 2050! A anterior estimativa apontava para 50 mil milhões. Aumentou em dez mil milhões, portanto, para a de agora. Mais uns pontos percentuais de PIB. Para quem e quê? Negócios de casino. Socialismo de casino! O que o poeta Alegre deveria estar hoje a condenar. Mas que lhe passou ao lado, pois estava a olhar para os pombos bravos, como sempre!



X


Nem o Banco de Portugal quer fazer as contas destes anos de "Socialismo de Casino". Ninguém quer revelar o tamanho da tragédia. Que se vai perpetuar pelas próximas décadas. Ditadura já temos garantida. E de esquerda. Que é a da bancarrota. Nem o ouro se pode vender agora!



XI


Ainda me lembro, com angústia pelas tristes realidades de agora, que nos criaram os homens da Rosa, da expressão da Dra. Ferreira Leite, em 2009, de que talvez fosse necessário suspender episodicamente a democracia. Quantos lhe caíram em cima e a trucidaram então? Os mesmos que nos deram esta ditadura imensa de muitos anos. Grandes amigos do povo estes homens do "Socialismo de Casino"!





XII


Há ainda hoje um antigo Pelourinho no centro da aldeia onde viveu e vive parte da minha família. Onde vivem ainda hoje os meus progenitores. Que trabalharam duramente toda a sua vida lá e em Lisboa. Muitos dos actuais políticos que torraram a nossa democracia podiam ir destinados ao dito "Pelouro". Ali estiveram em séculos pretéritos os que fizeram desmandos bem menores. A aldeia do Coito, Couto no tempo do Senhor de Santa Comba, tem a dignidade intacta para receber esses figurões. Justamente!



XIII


Há algumas semanas tomou posse o Presidente da República, eleito por sufrágio universal e directo. Falou grave, muito assertivamente, e disse que ia prosseguir uma magistratura activa. Agora perante a pior situação de que temos memória recua para longe do palco. Foge de quê? De Portugal! Estive certo, não lhe dei o meu voto...


Cavaco foge da cena. Mas diz de fora que a nossa melhor notícia para os mercados é a de que o nosso próximo governo deve ter maioria no parlamento. Grande avanço. E o programa de resgate? Nada a dizer e a fazer por parte de "Sua Alteza Presidencial"? Melhor faz a Rainha de Inglaterra? Talvez...



XIV


Este País não é para cidadãos. É apenas para estas iminências majestáticas. Há dias veio o Silva Pereira à antena. “Silva Pereirou” como sempre. Quer dialogar como sempre fez. O PS ficou sozinho na luta pela estabilidade política. E nós como é que ficámos? Com eles às costas no meio de um violentíssimo incêndio. Mas são indispensáveis, disse Alegre. Boa, boa...!



XV


O PS já tem mão de ferro. Ferro voltou. Vai para a cabeça da capital. Vamos ainda construir o "socialismo novo". E um Estado também. Muito social e tudo. Com o FMI. Vai ser um tango radical. E a metáfora do Dr. Vitorino: a da cadeirada na touca! Eu já estou ensanguentado e com ela a dar voltas. Mas o Zé vai em frente, diz o Costa. São os maiores e os melhores!



XVI


"Todo o Estado é, como sabemos, uma sociedade, tendo como seu princípio a esperança dum bem, como sucede com qualquer associação, pois que todas as acções dos homens têm por finalidade o que eles consideram um bem" (Aristóteles, "Tratado da Política", primeiro parágrafo).



XVII


Mentira: acto de mentir, afirmação contrária à verdade, com a intenção de enganar; engano propositado; falsidade, peta; ilusão; embuste; erro; vaidade. Mentireiro: mentiroso; pessoa que diz mentiras sem importância. Mentiroso: que ou aquele que diz mentiras; impostor; falso; aparente.


XVIII


Mentor da Mentira: o Senhor de Matosinhos! Mentor Melquetrefe da Tragédia: o engenheiro! O das sete vidas que nos matou as nossas esperanças e ainda não caiu da cadeira.


Mendicância: acto de mendigar; condição de quem vive de esmolas; mendicidade. Ordem dos mendicantes: "As Rosas de Matosinhos". Refúgio dos artistas: A Casa da Tragicomédia de Matosinhos. Pão e água para os cidadãos da Roma incendiada. Cena capital: o negócio do engenheiro com os donos da massa. Segue dentro de momentos. Com os incendiários no palco. Zé e Santinhos! Chapitô para que te quero?



XIX


Memória: função geral de conservação de experiência anterior, que se manifesta por hábitos ou por lembranças; tomada de consciência do passado como tal; lembrança; recordação; exposição sumária. Exemplos históricos: memória do nazismo, memória da ditadura salazarista, memória do Verão quente, memória da grande guerra, memorial do convento, memória da mentirocracia. Esta é a memória recente, que condicionou o nosso futuro nacional, a de agora, a da chegada do FEEF/FMI, numa historiografia que foi sendo sucessivamente cantada como o "Advento da Salvação" pelo seu mentor durante todos estes anos. Maioral da Tragicomédia de 2011: Pinto de Sousa! Vítimas desta guerra: os portugueses. Vitorioso: “o engenheiro Nero/Caracala”. Culpados: os cristãos...!



XX


O leninismo tem novas fronteiras. A coreografia dos regimes ditatoriais, em que os discursos estavam todos previamente definidos e orientados, onde o espaço cénico era objecto de delimitação centralista, e de onde emergia no final uma onda gigantesca de entronização do líder supremo, tudo isto está agora aqui fora do PCP. Chavez fez escola. Vem aí agora "O Grande Salto". E a revolução cultural!



XXI


A Revolução Cultural começa a ser negociada já nos próximos dias. "O Grande Líder" já anunciou que vai ser o condutor. Vai ser uma orgia de negociação. De um lado, a sabedoria incomensurável e, do outro, os donos do cofre-forte. Vamos construir o socialismo real. O palco já está montado e as figuras são insignes. Vermelhinhos e cinzentos: a grande coligação! Funda, funda, fundamental!!!



XXII


O Zé e o FMI. Que grande casamento. Com direito a pacto pré-nupcial. Tratam os senhores das Finanças e do Banco de Portugal. Com os nubentes à espera. Lá em São Bento deve ser uma azáfama. Preparativos: copos, toalhas, talheres, pratos e terrinas, bandejas. Canapés, lagostas, caviar. Flores, muitas flores. E os papelinhos a serem todos reescritos. E um novo teleponto, obviamente!




XXIII


Fui recomeçar a ler 1984 de Orwell. No regime do "Grande Irmão" tudo começa em Abril. Tal como aqui agora. Mas há um Ministério enormíssimo: o "Ministério da Verdade ou Minivero". Da tal verdade da "Novilíngua", uma reescrita da linguagem autorizada e da ordem, que incluía uma Polícia do Pensamento. Na Novilíngua o pensar era crime e dizia-se "pensarcrime". E dava prisão...


No Ministério da Verdade, um edifício de trezentos metros de altura, estavam gravados os três slogans do "Partido do Grande Irmão". Eram: Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força. Em 1984. Na grande pátria do socialismo. E em 2011 como seria? Que grande Nó!!!



XXIV


Os homens do fraque já cá estão. Vão matar muitos dos nossos tabus de décadas. A agenda vai ser dura e não deixará lugar para os velhos remédios, ou para as habituais mezinhas caseiras. Liberalismo vem aí à séria. Para colocar o Estado no seu lugar e dimensão e para dar espaço maior para a economia privada. Para haver crescimento no futuro e empregos novos. E os salários?


Quanto aos salários, nos próximos anos vão ser geridos ao milímetro. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, que conhece muito bem Portugal, já há dois anos dizia que tínhamos de reconquistar competitividade salarial. E era pela redução real, para refazer o que tínhamos perdido por anos sucessivos de aumentos incomportáveis face à nossa fraca produtividade. A economia teve uma pane...


A economia durante uma década morreu. E agora não podemos ir pelo consumo. Por isso, têm de existir estímulos à poupança, redução de importações, investimentos muito selectivos e produtivos de bens exportáveis, simulação da desvalorização monetária (já foi dito como). E redução da despesa pública a sério para poder haver redução dos défices e das necessidades de nova dívida. E as PPP?


As PPP têm de ser todas renegociadas, no prazo máximo de um ano. Onde estão garantidas taxas de rentabilidade para os privados de 12 e mais por cento têm de pasar a estar taxas próximas dos custos do capital com uma pequena margem adicional de 1 a 2 por cento. Poupam-se centenas e centenas de milhões de impostos ao longo de mais de trinta anos. E de endividamento do Estado também.


Mas há uma exigência inultrapassável: uma auditoria total às dívidas públicas. Tem de voltar a fazer-se com o FMI, tal como em 1983, a consolidação de todo o perímetro do Estado. Têm de estar lá os hospitais, as PPP, as empresas públicas, as autarquias, os institutos e fundos autónomos. Tudo. Os portugueses têm o direito e o dever de conhecerem o nível de insanidade a que foram conduzidos...



XXV


Teixeira dos Santos confirmou hoje o que o PS de Sócrates tem escondido dos portugueses. O País já não tem capacidade para pagar 4.9 mil milhões de euros que se vencem em Junho. E precisa desesperadamente que os homens do FMI concluam o programa e as negociações ainda em Maio, sob pena de entrarmos em "falência" (vulgarmente denominado "default"). Esconderam até hoje!


XXVI


Vamos Defender Portugal do Engenheiro!


Como é que o engenheiro tem a indecorosa lata de ir ao Congresso do PS com o lema "Defender Portugal". Defender só se for dele mesmo. Que nos levou para dentro do Fundo. Sem dinheiro em Junho, como hoje já com os homens do fraque no Ministério nos veio dizer o desavergonhado Ministro Teixeira dos Santos. O que andaram no PS a encenar é criminoso, tendo conhecimento do que realmente se estava a passar com a falta de financiamento para Junho. Acusaram a oposição, quando conduziram o País para a proximidade da ruptura de pagamentos internacionais. Esta encenação é doentia e até quase macabra, e o seu protagonista, que se deixou aclamar há dois dias como um ditador de uma qualquer "República de Bananas", devia ser acusado por interposição de queixa de cidadania! E os portugueses, tão ignominiosamente enganados e conduzidos a uma situação de obscena irresponsabilidade política, deveriam ter a possibilidade de levar a julgamento esta "engenharia insana".



José Pinto Correia, Economista

terça-feira, 12 de abril de 2011

Zé: O Senhor de Matosinhos!

Zé, Zé, Zé, Zé, Zézinho! Grande Zé, Magnífico Zé, Estupendo Zé, Maravilhoso Zé, Magnânimo Zé, Luminoso Zé, Brilhante Zé, Fabuloso Zé, Presciente Zé, Corajoso Zé, Sapiente Zé, Douto Zé, Erudito Zé, Prudente Zé, Clarividente Zé, Excelente Zé, Favorito Zé, Génio Zé.


Bis! Bis! Rebis! Rebibis!


Zé, Zé, Zé, Zé, Zézinho! Grande Zé, Magnífico Zé, Estupendo Zé, Maravilhoso Zé, Magnânimo Zé, Luminoso Zé, Brilhante Zé, Fabuloso Zé, Presciente Zé, Corajoso Zé, Sapiente Zé, Douto Zé, Erudito Zé, Prudente Zé, Clarividente Zé, Excelente Zé, Favorito Zé, Génio Zé.


Aplauso! Aplauso! Aplauso! Líder, Líder!


Zé, Zé, Zé, Zé, Zézinho! Grande Zé, Magnífico Zé, Estupendo Zé, Maravilhoso Zé, Magnânimo Zé, Luminoso Zé, Brilhante Zé, Fabuloso Zé, Presciente Zé, Corajoso Zé, Sapiente Zé, Douto Zé, Erudito Zé, Prudente Zé, Clarividente Zé, Excelente Zé, Favorito Zé, Génio Zé.


Glória! Glória: Glória Mundo! Líder! Líder! Supremo Líder!


Zé, Zé, Zé, Zé, Zézinho! Grande Zé, Magnífico Zé, Estupendo Zé, Maravilhoso Zé, Magnânimo Zé, Luminoso Zé, Brilhante Zé, Fabuloso Zé, Presciente Zé, Corajoso Zé, Sapiente Zé, Douto Zé, Erudito Zé, Prudente Zé, Clarividente Zé, Excelente Zé, Favorito Zé, Génio Zé.


Música! Música! Música! Coroação! Entronização! “Imortalização”!


Porque é tua a vitória final! “Defende a nossa Pátria” Zé! Ainda vamos ser um imenso Portugal! Zé, Zé, Zézinho! “Senhor de Matosinhos” e de “Aquém e Além-mar”. Longa Vida ao Grande Líder!


José Pinto Correia, Economista


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Do Livro da Face: A Quinzena do Resgate!

(As notas soltas desta quinzena feitas entre Portugal e Itália).


I


Estamos a caminho de sermos outros. Diferentes, para melhor. Se assim for o entendimento popular. A soberania sempre deve residir no povo. Para haver príncipe digno e moralmente honroso. Acabei de visitar o túmulo de Maquiavel aqui em Florença. O nosso Mesteiral, o da afanada engenharia, deve ter ouvido falar de pequenas parcelas da obra daquele florentino...


II


O nosso pequeno príncipe só deve ter lido as recomendações em que Maquiavel indicava que todos os meios servem os fins de manter o poder. Mesmo a falta da verdade ou a soberba. Mas felizmente houve quem resistisse a essa maquiavélica forma de governar e manter o poder. Ao povo o que deve ser do povo: a soberania da expressão da sua vontade.


III


Florença a bela cidade dos Médici. Plena de beleza e de sol nestes dias. De facto a criatividade humana atingiu exponenciais assombrosos aqui. Bem nos dizia Fernando Pessoa que a Itália era uma das duas culturas criadoras da Europa. Com a qual nos devíamos relacionar adequadamente. A beleza está por toda a parte. Hoje estive próximo das belas criações de Miguel Ângelo e de Da Vinci. Do primeiro, estive perante a majestosa beleza e grandiosidade da estátua de David. Que depois de ter vencido o gigante Golias tem uma face de indiscutível serenidade, que lhe é dada pela sua inteligência e pela tranquilidade de quem ultrapassou a sua besta. Pensei de frente aquele David. E também posso concluir que a inteligência de Portugal, que é muita e franca, pode pensar o nosso futuro com a esperança de que vai haver melhores dias. Portugal merece ser mais feliz e mais rico. Para isso, vamos ter de escolher novas soluções e novos intérpretes do nosso caminho rumo a esse futuro que desejamos e a que aspiramos. Vamos a votos, portanto!


IV


Voltei hoje. Estou na Pátria novamente. Venho cheio de memórias. Muitas e magníficas. De Veneza, Pádua, Verona, Florença e Pisa. Pessoa, o nosso grande mestre do século vinte, estava cheiíssimo de razão. A cultura italiana é gloriosa. E transmite uma imensidão de sensações de beleza e cristandade. O eterno está lá em todos os monumentos ímpares do Ocidente. Fiquei pleno e volto maior...!


V


Voltei ao contacto com a TV. E acabei de ouvir o filósofo José Gil. O homem da inscrição e do nosso medo de existirmos. Falou em abrir as portas à esperança, de um novo modelo de pensar Portugal. Que desfaça o gasto casamento dos senhores do poder destes decénios. A dupla central da irrealidade que se tem perpetuado, mas que também se espelha nos restantes protagonistas partidários. Que conjuntamente desfaz o real e os sonhos dos portugueses. E não tem projecto, nem estratégia, nem missão para a Nação e o País. Estou cem por cento...! Falou também em dar sentido às multidões que vieram recentemente para as ruas por si-mesmas. Que não reclamaram apenas mas que também projectavam razões e anseios profundos. Tem de haver um novo paradigma que desfaça esta lamentável ausência de realidade que campeia nos diversos corredores do poder. Portugal acordou para essa realidade do desemprego maciço, da pobreza, da falta de oportunidades, do desfazer da vida das classes médias, do empobrecimento do País. E faltam políticos com estatuto referencial, com grandeza moral que encaminhem o futuro. Que devolvam a esperança, a confiança, e o sentido de projecto nacional a Portugal.


VI


Fui a correr comprar o Expresso da semana que passou. A capa é a expressão nítida da nossa tristonha cacofonia. Nem a malta que manda na Europa quer que se conheçam os nossos poços. Todos querem continuar a fazer de conta que as nossas contas não contam. Têm medo de serem eles próprios atingidos pela insensatez desta desgovernação. Fazem de conta. A conta vem aí a caminho mesmo assim...!


VII


A Ministra da Saúde, aquela senhora que se atrapalha sempre no meio de uma frase, e que tratou da nossa falta de gripe A, veio hoje com raríssima solenidade apresentar um programa de realização de tratamentos e cirurgias protocoladas com o nosso SNS pelas Misericórdias. Vinte milhões de euros são os custos estimados para cerca de vinte mil cirurgias. Era esta mesma Senhora doutora que ainda há um ano, quando esta hipótese foi defendida por um partido da oposição (o CDS/PP), dizia que não senhora que o SNS é todo público e que tem capacidades e tal e tal. E que o dinheiro público, que ela entendia ser dela propriedade, era para servir o serviço público. Agora veio reconhecer, ao que parece, que os portugueses têm direito a serem tratados, e que tal pode ser feito também com e por parceiros habilitados que não sejam propriedade estatal. Perdeu-se um ano e milhares de operações a cidadãos necessitados de cuidados ficaram por fazer. Ideologia ou despautério? Ambos...!


VIII


O senhor da justiça fez o que fez ou acabou de fazer. Retirou mais de setenta mil euros ao seu património familiar. Não se pode dizer que seja coisinha pouca. Tardou mas entendeu que era demais. Tinha privilégios caseiros. Parecia o clube de futebol lá do seu bairro. Mandava de soslaio por interposição depositar euros na continha comum. Mas justificou-se e cometeu uma acção justa. “Ganda Ministro”!


IX


Acabei há momentos de ouvir o Secretariozinho Fernando Medina, porta-voz do PS, dizer que não reconhece capacidade ao PSD para governar. Estes meninos de coro, que ascenderam meteoricamente ao poder sem saberem contar e..., permitem-se dizer todas as aleivosias que lhes mandam dizer. Quem é este menino Medina afinal?


X


Achei fantástica a declaração de Almeida Santos de hoje. O homem, Presidente da Rosa, que ainda há pouco tempo, uns mesitos se não falho, dizia que Sócrates era grande, gigantesco mesmo, vem agora dizer que pode haver necessidade de um governo de salvação nacional. E até exemplificou com essa figura ímpar de democrata que foi Afonso Costa. Magnificamente Excelência o Presidente Almeida!


XI


Os senhores da Rosa queriam aumentar as despesas sem concurso. Numa época destas em que faltam cobres em tantos lados era uma criação original. Entendia-se como? Para facilitar despesas? Para retirar competição de preços? Não há emenda para esta gente que se apoderou do Estado. E que entende que governar é dar a governar-se...Tenham puerícia, recolham às cabines!


XII


A bela estratégia Socrática. Recusou pedir apoios à UE a taxas de juro de 5.2%. Acabou a pagar taxas de mais de 9%, que são o triplo das de Espanha. E ainda diz que as culpas são dos outros (que até lhe deram a mão várias vezes). Conduziu-nos a todos ao abismo e ao empobrecimento durante anos. E ainda tem a desvergonha de querer voltar...! Vá de retro, pois!


XIII


Quando foi feita de supetão a nacionalização do BPN, o Dr. Constâncio fez a recomendação com os cálculos de que o Estado teria de meter lá qualquer coisa como setecentos milhões. Agora, no fim desta miséria de farsa socialista, são dois mil milhões que vão ao défice de 2010. Não há quem julgue esta gente que gere e governa com tamanho indecoro e desvergonha?


XIV


Ele há o "Varinha de Condão" que recebe sem trabalhar e que ainda é indemnizado aos milhões pelo seu patrão quando lançou a marca para as ruas da lama. Um protegido deste regime e sistema apodrecido que nem decência tem já alguma. A malta das ocultas gasta o dinheiro dos outros como se fosse fogo-de-artifício. E vai sempre para os tais bolsos grandes e manhosos...!


XV


Qual a competência do Ministro Teixeira dos Santos? Garantia que o défice de 2009 ia ser de 5.9% e acabou em mais de nove. Disse agora que foi obrigado a incorporar no défice de 2010 as contas negadas do BPN e das empresas públicas de transportes. O Eurostat não mudou as regras na última semana. O Ministro é que não tem nem palavra nem honradez...!


XVI


Estou a reler o Príncipe de Maquiavel. Acabei há dias de estar perante a sua sepultura em Florença. Já aqui escrevi que o nosso "engenheiro de má memória" só devia ter lido algumas passagens da obra de Maquiavel. Mas agora acho mesmo que ele ainda foi mais longe em várias situações da sua governação do que a imoralidade pregada pelo florentino. O aprendiz ainda foi mais feiticeiro-malévolo do que o mestre...!


XVII


O engenheiro não leu esta frase de Maquiavel: "E, se se quiser preservar uma cidade habituada a viver em liberdade, é mais fácil conservá-la com a ajuda dos cidadãos do que de qualquer outra forma". O PEC IV é o demonstrador inequívoco de que o "Maioral" não leu nem interpretou esta afirmação (quase categórica) do instrutor do Príncipe florentino.


XVIII


"Porque o príncipe natural tem menos motivos e menor necessidade de ofender, pelo que convém que seja mais amado; e se não dá motivo a ódios por vícios extraordinários, manda a razão que seja naturalmente benquisto pelo povo" (Maquiavel, Capítulo II). Pinto de Sousa também não leu nem ouviu falar desta afirmação de modo de realizar a boa governação.


XIX


Vícios, falta de virtudes, insensatez, arrogância, soberba, imprudência, irracionalidade, desrazoabilidade, mentira, mentira, mentira, aventureirismo, manipulação, grosseirismo, indelicadeza, volúpia, promiscuidade, negocismo, favorecimento, camaradagem, clientelismo, desfaçatez, mediocridade, irresponsabilidade, desvergonha. Tudo isto e muito. Escolham os que são inaplicáveis aos anos que temos vivido...!


XX


O “Socratismo” morreu! Não valem de nada as cenas, as torções à verdade dos factos e da nossa realidade que o seu personagem ainda continua, embebedado de propaganda visceralmente ilusória, a tentar montar. Morreu e morreu mesmo. Não tem volta. Ficará num pequeno canto da má história para onde conduziu a Nação. Doentiamente iludido com a permanente vertigem do poder, o engenheiro cometeu erros colossais que o País e os portugueses vão ficar a pagar durante os próximos anos. Morreu agora o seu ciclo de poder, finou-se o “Socratismo”, e ainda bem, para descanso das nossas almas. Que querem ajudar agora a construir outro futuro nacional!


José Pinto Correia, Economista


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