Até hoje existia nos mais diversos meandros da vida dos portugueses um Portugal imensamente socialista. Era um Socialistão. E tinha um Rei iluminado e transbordante de coragem e determinação. E até havia empresas privadas, algumas grandes mesmo, que pareciam autónomas do poder estatal, embora estivessem sempre ou quase dispostas a receberem ou interpretarem os favores do regime. E a PT parecia ser uma delas (é de lembrar a historieta mal contada e ainda inacabada do negócio da TVI); mas obviamente não era, nunca foi, nem nunca pode ser apenas e tão só privada e com mando dos seus accionistas maioritários (e já Belmiro tinha reconhecido o fenómeno paradoxal há vários anos).
O Rei-Sol cá da esquina da Europa gritava há anos o seu lema maior: Espanha, Espanha, Espanha!
Só que há muito poucas horas, mais especialmente pelas treze deste dia 30 de Junho de 2010, esse grito de pujança e vontade feneceu, desmereceu, e provavelmente acabou. O Senhor Engenheiro das pouco santas alminhas e do tal regime poucamente capitalista e liberal mandou liquidar na Assembleia-geral da tal PT o negócio que a maioria dos seus accionistas queriam realizar, vendendo por uma pipa imensa de euros a parcela da VIVO no Brasil à concorrente vizinha dos espanhóis. E não é que até a própria Administração da PT tinha pedido ao Estado, e ao “Absoluto Senhor do Socialistão”, que não interferisse na vontade dos detentores do capital da empresa, qualquer que ela fosse.
Só que isso era pedir ao inorgânico e imparável “Rei-Laico” mais do que algum súbdito pode pedir ao “Majestático Todo-Poderoso”. E o que se fez, o que o “Senhor dos Senhores” mandou fazer, foi a vontade incomensurável e insondável do “Grande Socratistão”: para Espanha nada mais, e muito menos VIVO!
E assim foi feito por obra e graça de “Sua Excelência” mesmo que em Portugal os accionistas que queriam vender venham a morrer ou a debandar mais lá para a frente e que o tal “Grande Irmão” que agora se impôs venha a ser obrigado a repor as regras do tal regime económico capitalista em que só quer viver quando os camaradas enchem mais ou menos à socapa, e nas esquinas das empresas públicas e privadas subservientes, ou também nos inúmeros cargos da coisa deles, os bolsinhos e as carteiras.
Longa vida, pois, ao “Grande Socratistão”, por agora VIVINHO da Silva! Amanhã, com Bruxelas e Madrid no caminho, não se sabe que galo cantará e em que tipos de sacos serão metidas as “violas douradas” que agora tocaram tão em singularidade monocórdica.
José Pinto Correia, Economista