Definir o comportamento absurdo e extravagantemente alucinado de alguém que é indefinível, desnaturado, incompreensível, fluído e volúvel, bêbedo de poder, pantomineiro, desprendido da realidade e da verdade, truculento, arrogante, vaidoso incorrigível, ameninado, vítima fácil, tudo isto ao mesmo tempo numa personalidade, é tarefa completamente votada a fracasso de entendimento definidor. Mas que talvez se possa entender melhor com algumas frases célebres de tradutores vultuosos da coisa política e da encenação cobarde da governação nos regimes democráticos. Ora vejamos:
1º Maquiavel, na sua obra magna de política, “O Príncipe” de 1532, retrata a facilidade com que os dirigentes políticos menores podem seduzir, enganar, mentir, ludibriar, encurralar, e finalmente empobrecer os povos que governam ao dizer claríssimamente que “os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixa enganar”, e que também na realidade, “ os homens em geral julgam mais com os olhos do que com as mãos, porque todos podem ver facilmente, mas poucos podem sentir. Todos vêm bem o que pareces, mas poucos têm o sentimento do que és – e estes poucos não ousam contradizer a opinião da maioria que tem do seu lado a majestade do Estado a defendê-los”.
2º Adam Smith, o pai da economia política, filósofo do liberalismo, também dizia na sua obra-prima de 1776, “A Riqueza das Nações”, que: “O orgulhoso ministro de uma faustosa corte pode, muitas vezes, ter o prazer em executar uma obra de pompa e magnificência, como por exemplo uma grande estrada frequentemente apreciada pela alta nobreza e cujo aplauso não só alimenta a sua vaidade como ainda contribui para manter a sua influência na corte. Ma executar muitas obras pequenas, nas quais nada do que se faz salta aos olhos, nem provoca a mínima admiração de qualquer viajante e que, em resumo, nada possuem de especial que as recomende, a não ser a sua extrema utilidade, é algo que surge como demasiado mesquinho e insignificante para merecer a atenção de um magistrado superior. Por consequência, numa administração deste género, estas obras são quase sempre totalmente descuradas”.
3º Arnaud Mayeur, na sequência de uma análise profunda aos denominados ciclos político-económicos das democracias em que os dirigentes manipulam grosso modo as políticas para obterem resultados eleitorais vantajosos, dizia que “à semelhança do que dizia Winston Churchill [um dos grandes líderes políticos do século vinte], a democracia é, ao mesmo tempo, o melhor e o pior dos sistemas: o melhor porque só o povo é soberano nas suas escolhas e julga as acções desenvolvidas; o pior porque pode ser dominado, desviado, modificado, por políticas e por políticos embriagados com o poder…”.
Palavras, mais palavras, para quê? É um artista, um grande artista, português! Ele é “Xótraques, Truques e Verborreia”, tudo em muito, infelizmente para os tristes portugueses pagadores de impostos e da dívida soberana por várias décadas que aí vêm vindo! E em cada uma daquelas citações acima podem encontrar-se esclarecidas as formas de pensar, agir e governar da dita criatura que conduziu Portugal ao abismo. E que vai levar portugueses de todas as idades a pagar com empobrecimento a loucura despudorada de governar em que a personagem indefinível se embebedou de poder!
José Pinto Correia, Economista