sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PortugalMente: Portugal e o Futuro e o Futuro de Portugal!


Portugal está neste momento preciso colocado perante uma encruzilhada da sua história como país e como nação.

A continuar o caminho de decadência e de definhamento económico, social, cultural e de valores que tem vindo a ser trilhado, o país estará certamente ameaçado a prazo na sua existência soberana.

Está formado desde há praticamente uma década um caldo cultural e governativo, bem como de falta de vontade de mudança nas elites políticas, que compromete seriamente o futuro de Portugal.

É absolutamente vital encontrar novos caminhos de afirmação do país, pensar e repensar o seu papel na Europa e no Mundo, definir novas estratégias económicas, políticas e sociais.

Em suma, é imprescindível a todos os “portugueses de boa vontade” contribuírem activa e empenhadamente para evitar a queda de Portugal num fosso profundo de consequências imprevisíveis e provavelmente insuportáveis. E dar aos portugueses que são ainda jovens a esperança de poderem viver e continuar um país de séculos.

O futuro de uma nação e a permanência de um país não se constroem sem serem profundamente analisadas as causas da sua degenerescência progressiva e continuada, sem se discutirem e resolverem os estrangulamentos que agora existem.

Portugal merece mais, muito mais, e a sua longa história de independência e de dificuldades imensas superadas em vários séculos espera que aqueles que hoje sentem o chamamento nacional possam encontrar as soluções que o momento de sobressalto histórico impõe.

O PORTUGALMENTE vai a partir de agora tentar contribuir modestamente, mas também com o melhor das suas capacidades e motivações, para encontrar os caminhos que garantam o futuro independente e digno de Portugal.

José Pinto Correia
30 de Outubro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Europa e o Mundo no Novo Milénio


Durante os últimos cinquenta anos do século vinte o Mundo assistiu a uma evolução constante e profunda em muitos domínios. Foi a grande mudança das tecnologias, entre as quais as da comunicação e informação e da medicina, como a ascensão de muitos países a regimes políticos democráticos.
Lembremo-nos que o Muro de Berlim, que dividia o leste do ocidente ruiu em 1989, dando-se desde então início a uma era em que deixaram de existir os dois blocos de poder rivais. Estava findado um período de mais de quarenta anos, desde o fim da segunda guerra mundial em que se defrontaram duas concepções antagónicas de organização política, social e económica do Mundo – o capitalismo democrático e liberal do ocidente liderado pelos Estados Unidos da América contra o comunismo colectivista e de democracia popular do leste comandado pela União Soviética.
Neste período de meio século, o Mundo tinha-se quase unificado por um renovado processo que agora se denomina de globalização competitiva. Todos os países e lugares da Terra passaram a ser interdependentes, porque as tecnologias da comunicação e da informação, dos transportes terrestres e aéreos, as produções das grandes empresas e o seu poder económico global, os computadores e as suas potencialidades sem fim, reduziram as distâncias entre os lugares e as pessoas e ligaram-nas numa verdadeira “cadeia universal”. Morreu a distância, fluidificaram-se as fronteiras nacionais, reconfiguraram-se os espaços regionais, nacionais e locais, apertou-se o tempo, mudaram-se as rotinas e os instrumentos pessoais.
Os países ficaram deste modo menos isolados sobre si-próprios e tenderam a estabelecer relações de mais íntima cooperação geográfica. Nasceram as modernas organizações supra-nacionais que agrupam países em áreas continentais, de modo a facilitarem as respectivas relações económicas, sociais, culturais e políticas.
O exemplo mais avançado desta congregação de interesses e vontades entre países é a agora denominada União Europeia (que anteriormente se denominara de Comunidade Económica Europeia e de Comunidade Europeia). Nesta União existe já hoje um elevado grau de integração económica e uma colaboração e cooperação política também assinalável que tem permitido à Europa viver um dos seus mais longos períodos de paz e crescimento económico. A União Europeia (UE) já hoje inclui 27 estados membros e constitui o maior espaço económico e comercial do Mundo.
Todavia, em 2001 com o atentado às Torres Gémeas de Nova Iorque houve uma alteração radical na forma de ver e governar o Mundo. Este atentado, perpetrado pela organização terrorista global Al-Qaeda, de inspiração islâmica fundamentalista, veio desestabilizar o equilíbrio que se tinha vindo a criar a nível global depois da queda do Muro de Berlim. Há um Mundo antes e outro depois do onze de Setembro.
O terrorismo global é hoje uma ameaça séria ao regular e pacífico viver do denominado “Mundo Ocidental” e também a muitos dos países árabes e muçulmanos onde imperam regimes de cariz não fundamentalista que tem maiores níveis de intimidade com o Ocidente. Provavelmente neste Mundo pós guerra-fria vai permanecer durante muitos anos uma nova guerra que alguém já chamou de “Guerra das Civilizações” onde a inspiração religiosa fundamentalista e bárbara vai perturbar a salutar convivência entre povos, que todos pareciam desejar e o Mundo mais justo e próspero mereceria.
Neste novo enquadramento internacional em que têm vindo a emergir novos centros de poder económico e geopolítico, com destaque para a China e a Índia, a situação relativa da Europa apresenta fragilidades estruturais flagrantes. Desde logo em matéria demográfica o continente europeu está em franco declínio, com fracas taxas de natalidade e franco grau de envelhecimento médio da respectiva população. O que coloca enormes constrangimentos ao desenvolvimento económico, à coesão social e à capacidade de sobrevivência dos actuais modelos de estado social criados em ambientes anteriores de grande crescimento económico e populacional.
Já hoje é possível prefigurar a deslocação da importância económica para o continente asiático, a par da importância tradicional dos EUA, com perda altamente provável da relevância secular da Europa.
As forças principais que definirão a balança de poderes mundiais nas próximas décadas jogam francamente em detrimento da Europa, que terá de encontrar estratégias de reposicionamento e de reconfiguração dos seus potenciais, sob pena de vir a tornar-se, como muitos analistas insuspeitos já hoje afirmam, um continente despiciendo no jogo mundial de poderes geopolítico e geoestratégico do século vinte e um.
José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saramago: Nobel ou Torquemada Ateu?

Eis que surge alguém que põe nome à coisa. O deputado europeu Mário David convida o Nobel José Saramago a escolher agora, tal como anteriormente já ameaçara fazer, a renúncia à cidadania portuguesa (de acordo com uma notícia do Jornal Público de hoje).

O Nobel Estalinista que nos saiu em rifa, e que para triste infelicidade portuguesa não faz jus a muitos dos outros nossos melhores escritores, não pára de derramar sobre os pobres de Cristo desta Terra Santa, e oportunamente consagrada, a sua indisfarçável truculência e o mais veemente fel.

Da intolerância esteve também o imenso Gulag cheio, mas desse, que marcou quase um século e recente, o insigne dilecto não trata. E Torquemadas ateus não fazem falta a um povo que quer construir o seu futuro na compreensão das diferenças e na convivência entre os que as detêm.

A democracia, que não é a ditadura de ninguém e muito menos dos que são apóstolos do totalitarismo que nega os direitos da pessoa humana, não é o regime do cavaleiro apocalíptico da "Ordem Saramago".

Que a excelência sapientíssima fique bem na sua soberba presunção, lá para os confins da Espanha onde preferiu viver, depois de ter empochado os dinheiros nóbeis. Por certo, lá em Lanzarote poderá continuar a viver na companhia que escolheu, deixando em paz aqueles que apenas lhe serviram a bandeja em que vem amealhando e a Casa dos Bicos onde a sua apregoada grandiosa eloquência e o já reconhecido fanatismo para com as crenças dos seus conterrâneos irão ficar.

Enquanto ali ao lado a "Casa de Pessoa" luta desesperadamente há anos por ver a luz do dia de um projecto que faça justiça a um Grande Português, que reconhecia as coisas complexas da fé, tinha passado para além delas, mas nunca aviltou com pretensão e desprimor o seu imenso e profundo significado.

Uma pátria é a sua língua, como ele dizia, mas também as suas gentes, de hoje e de sempre...!

José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016

O Rio de Janeiro no Brasil acabou de sair vencedor da corrida olímpica das cidades mundiais candidatas à realização da edição dos Jogos Olímpicos de 2016.

Claro que o Brasil, como país hospedeiro dessa edição dos Jogos, hoje já é uma potência mundial emergente que tem inclusive assento no clube do denominado G20. Claro é também que o país poderá pagar a astronómica conta dos Jogos com a ascensão flagrante do seu poderio económico. Mas é uma enormíssima ilusão, senão mesmo estultícia, pensar que os biliões de dólares, as muitas e muitas centenas de milhões de contos na nossa antiga moeda, que vai ser a conta final a pagar pelos Jogos de 2016, vão resolver ou sequer passar perto de tentar resolver os gravíssimos problemas de miséria e insegurança que tem o Brasil ou melhor o Rio de Janeiro.

A festa, a enorme festa dos Jogos, não servirá, como nunca em outro lado serviu, para resolver problemas económicos e sociais e a pobreza manifesta ou a insegurança flagrantemente vigente. Esse não é nem nunca foi o desiderato dos Jogos, e só lateralmente aos objectivos próprios do evento desportivo é que poderão existir intervenções que possam ter alguma incidência na minimização das graves carências e desigualdade social e de rendimentos ou na melhoria dos níveis de segurança vigentes no Rio de Janeiro ou no Brasil. Tudo o que normalmente é dito em contrário pelos óbvios interessados e promotores dos Jogos, desde os políticos aos dirigentes desportivos ou empresariais envolvidos, é mera ilusão e retórica que se destina a ajudar a vender o evento ao povo do país hospedeiro dos Jogos.

Neste momento em Pequim, por exemplo, o estádio monumental do “Ninho do Pássaro” já está a ser transformado em centro comercial a retalho. E a Grécia, que realizou a edição dos Jogos de 2004, ficou como se sabe endividada e com as infra-estruturas desportivas votadas às moscas e ao mais completo e miserável abandono. Depois de os Gregos terem pago pelos Jogos mais de dez mil milhões de euros num evento inicialmente orçamentado em menos de metade desses mesmo valor. No Reino Unido que terá a edição de 2012 já se prevêem gastar mais de nove biliões de libras quando estiveram contabilizados menos de um terço desse valor nos orçamentos inicialmente apresentados ao Reino de Sua Majestade (prestados no Parlamento em sucessivos Relatórios públicos).

Claro que o Presidente Lula e o responsável do Comité Olímpico Brasileiro, que é ainda pior do que o nosso Comandante eterno em Portugal, cantaram vitória e encenaram rigorosamente a imensidão do desafio. Mas quem terá de liquidar as contas, real por real, ano a ano, e até ao fim, são os pagadores de impostos brasileiros, e o dinheiro, melhor a montanha de reais, que vai para a festa dos Jogos não vai para escolas, casas de habitação social, hospitais, jardins de infância, pequenas estruturas desportivas locais, apoios sociais para idosos, doentes, desempregados, etc., quer no Brasil quer no próprio Rio de Janeiro.

Claro que o Brasil ganhou os Jogos de 2016, vai pagá-los com impostos de muitos anos, terá o Rio de Janeiro de cara lavada, terá muitos milhões de brasileiros nas ruas a aplaudir, dará muitos empregos na construção, terá novos estádios, pavilhões, piscinas olímpicas, etc. Mas ficarão muitas outras coisas muito urgentes e criadoras de mais equilíbrios e justiça sociais por fazer ao mesmo tempo que tudo aquilo será feito a pensar quase estritamente nos Jogos Olímpicos.

Isso é certo, e infelizmente para muitos dos pobres e excluídos e carenciados do Rio e do Brasil, porque os recursos económicos e financeiros, mesmo de uma potência económica mundial emergente como já é inquestionavelmente o Brasil, não são inesgotáveis. Os muitos e muitos milhões de reais que vão ser gastos num lado não poderão ao mesmo tempo ser gastos noutros lados e coisas. Este é, aliás, um dos princípios económicos básicos que terá evidentes consequências políticas e sociais para o Rio de Janeiro e o Brasil de 2016 e anos futuros.

José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto