segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

“A Sub-Democracia”

A Sub-Democracia é o melhor dos Mundos. E o melhor dos regimes políticos. Todos têm direitos infindáveis, eternos, intocáveis. Garantias para praticamente tudo, muito de cada coisa, gratuitidades, magnificências inalienáveis. E um texto sagrado contempla todo este “Mel Eterno”. Nesta Terra vendem-se ilusões, enormes, infindáveis, há muitos anos. Obras ímpares, muitas e grandiosas, tecnologias novas colossais e fenomenais. Subsídios, gratificações, apoios. Cada criança é logo à nascença cidadão e contribuinte do Estado benevolente e Pai. Há cornucópias de bondades patrocinadas pelos intrépidos dirigentes, sempre fazedores dos superiores interesses dos governados. Uma gesta dos melhores, dos mais capazes, dos autênticos, dos maiores. E à frente de todos um Maioral. Engenheiro das almas crédulas e agradecidas. Um timoneiro intrépido e luminoso. Rodeado por outros bons homens e mulheres, seus ajudantes na longa marcha pela modernidade. E até há eleições de vez em quando. Votam nelas os que querem e renovam as legitimidades dos mandadores. E se há alguns que querem e não podem participar nestas escolhas, uns milhares que sejam, não importa. Tem disso, dessas minudências, a grande marcha para o novíssimo País. Inquire-se o que poderá ter corrido menos bem, porque a bondade e imaculada ordem do regime tal implica. Inculpa-se um administrador da coisa pública, e expiam-se outras inculpações. Ficam de fora os bons ajudantes do Maioral, como convém. A grande marcha continuará, pois então! Os direitos estão garantidos no texto sagrado do regime. Nada muda ou mudou. Tudo está bem e continuará como dantes. É assim a nossa majestosa Sub-Democracia. Um regime magnífico feito para o povo, por uns quantos insignes e óptimos. E optimistas como sempre. A engenharia independente criadora vai “simplexificar” tudo aos endividados cidadãos. Até o trabalho de votar de quando em vez…!

José Pinto Correia, Economista

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