“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Se todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades…”
I
Ressurreição é vitória da vida sobre a morte. Da virtude sobre a desdita. Da vontade sobre a dormência. Da imaginação sobre a arrogância. Da bondade sobre a maldade. Da sabedoria sobre a virulência. Dos homens sobre as bestas. De nós, portugueses, sobre os vendilhões dos templos. Venceremos, pois, com as armas que nos são dadas à mão! Em Junho vamos juntos procurar um caminho novo, com dificuldades certas, com dureza e sacrifícios, mas com a nossa vontade de povo multissecular que tem uma história imensa, feita de memórias de obras enormes e de lutas intensas. Vamos a votos pela mudança imprescindível. Para que possamos renascer com outra esperança e confiança em nós mesmos e no nosso futuro comum.
II
Para reemergirmos como Nação precisamos das forças profundas da nossa comunidade secular. A vontade de todos é necessária, com sonhos realistas que nos dêem a esperança de que é possível renovar a vida comum. Esforços, sacrifícios, lutas, angústias mesmo, todos esses escolhos têm de poder fazer sentido. Com exemplaridade, desde cima a baixo! Muita exemplaridade mesmo!
III
Há uma cultura de dependência instalada desde sempre em Portugal. Que foi sendo reforçada nestas últimas décadas. E que se traduziu num Estado absorvente de recursos e limitador das iniciativas. Falta o espaço de afirmação da capacidade e da liberdade individual em demasia entre nós. E assim é fácil instilar um clima de medo. Que vem agora ao de cima propagado pelos usuais “mandadores da coisa”. Fazem ameaças, inventam fantasmas e criam receios e temores nos mais fragilizados que eles não ajudaram a autonomizar-se. Montaram as dependências que agora traiçoeiramente afligem. Fazem política com base no medo. Que fazer contra tal estratégia venenosa?
IV
Contra o medo que brandem os mandantes do apodrecimento da liberdade individual há que afirmar a iniciativa dos indivíduos, a esperança do trabalho como meio de construção da vida pessoal e familiar, o rigor das tarefas e dos compromissos, a humildade dos competentes, e a capacidade de lutar pelos sonhos de cada um. E acima de tudo afirmar os princípios da economia livre, dos empreendedores e empresários, do crescimento da riqueza como única forma de combate sério e efectivo à pobreza e ao desemprego. E ter também a humildade de reafirmar o apoio solidário e firme aos mais desprotegidos nos tempos dificílimos que o País vai atravessar. E nunca vender ilusões de que vai continuar a ser possível distribuir, distribuir, distribuir, tudo a todos. Isso foi o que nos trouxe até ao abismo de que vamos ter de sair. Combater o medo e a miserável estratégia política que faz dele a sua ardilosa arma de combate é, pois, absolutamente vital para trazer à ribalta a firme vontade de mudança.
V
Quem quer ser e viver livre tem de ser capaz de se responsabilizar pelos seus deveres e cumpri-los rigorosamente. De contribuir para solucionar os pequenos problemas e exigências do seu dia-a-dia. De poupar para amanhã o que hoje tem a mais. De exigir a si primeiro do que aos demais. De poder ser um exemplo para os que o cercam ou consigo vivem e trabalham. De criar os seus filhos com dedicação, carinho, mas também com a firmeza dos valores da sobriedade, da exigência, do rigor e da ética do trabalho. Quem quer ser livre afirma-se sobretudo pela sua capacidade de iniciativa, pelo modo como agarra com firmeza e motivação as suas oportunidades, pela vontade de construir o seu espaço de dignidade, pela forma responsável como assume os seus deveres e escolhas e como, na partilha de um autêntico espírito comunitário, contribui para o bem comum.
VI
O programa eleitoral do PS já está escrito. Mesmo antes de se conhecerem as exigências duras que a Troika vai fazer a Portugal. Quer isto dizer precisamente o quê? Que para o PS de Sócrates qualquer coisa serve para apresentar aos portugueses? Que agora perante uma situação extrema de dificuldades nacionais que vão durar anos o PS actua de novo como sempre fez no passado recente, aliás. No Programa, o engenheiro Sócrates manda escrever o que lhe vai nas ganas e depois lá pelo meio ver-se-á? Não aprende nada este PS! Compromete-se com quê? Independentemente de todas as exigências do FMI, da União europeia e do Banco Central Europeu? E cumprirá depois o quê?
VII
O PSD fez vários pedidos de informação legítimos ao Governo sobre as diferentes incidências das contas futuras da Nação. Que respondeu o Governo/PS? Até agora nada. São donos de Portugal? Ou, mais do que isso, julgam que vivem em regime de partido único? E vão apresentar um programa eleitoral? Um programa? Ou uma manta de retalhos, reescrita a cem à hora, que diga tudo e o seu inverso? Vai ser uma canseira ler este Programa nas áreas das finanças públicas e do crescimento da economia, ou da justiça e da reforma do Estado!
VIII
O estado a que o engenheiro Pinto de Sousa conduziu as finanças públicas portuguesas impõe que seja pedido um empréstimo ao Banco Europeu de Investimentos para que haja dinheiro para pagar as contribuições nacionais, que são minoritárias, dos projectos comunitários do QREN. Vêm agora os primeiros 450 milhões de euros do total pedido de 1.500 milhões. Isto passa-se no mesmo Estado e Governo em que se anunciam muitas centenas de milhões de euros durante os próximos anos para as empresas públicas de transportes completamente falidas, e sem que se façam ou apresentem anúncios claros de reestruturação das mesmas. Ainda nos recordamos dos anúncios pios recentes do Ministro da Economia de que queria aumentar da noite para o dia as taxas miseráveis de execução do QREN. Agora o Dr. Vieira da Silva anda mais afanado e entusiasmado em compor as listas do partido para as eleições de Junho. Ganda Ministério e Ministro – atiraram com a economia para o vento e para a popa!
IX
Quantas e quantas centenas de milhões de euros vão custar a Portugal nos próximos anos as negociações em mercado da dívida pública portuguesa feitas por intransigência e obstinação do actual Primeiro-Ministro nos meses que decorreram desde Outubro de 2010 até à apresentação do pedido de resgate pelo seu Governo? Foi ele mesmo que ontem sem corar disse na TV que estava à espera de pedir o resgate apenas depois das eleições. Queria ir até ao fim sem pedir apoio europeu criando dívidas adicionais que ficaram aí para todos pagarmos, portanto. Temos por isso agora o direito, e até mesmo o dever cívico e de contribuintes, de exigir que nos sejam facultados esses cálculos antes de votarmos em Junho. Que são possíveis de efectuar por simulações! Muitas e muitas centenas de milhões de euros serão certamente!
X
As santas almas do PS que vão actuando na cena mediática dos dias que vão passando vêm com os espantalhos e fantasmas instilar o medo nas camadas mais fragilizadas e culturalmente menos politizadas. Eles dizem agora que defendem tudo e o mais que fosse. Mentem de novo, descaradamente. E fazem dos outros, traiçoeira e caricaturalmente, aquilo que estes não são nem querem fazer se governarem. Baixa política, à falta de mais... Para estas santificadas e puras almas socialistas, que enfadam sempre em coro monocórdico, os outros são sempre o Inferno. Que são ultra quê e não sei quantos mais e mais, neoliberais perigosos, e imagine-se, blasfémia máxima, até mesmo só liberais. E "Eles", os homens bons da “Rosa” são quê? Socialistas ortodoxos, ultra-socialistas, neo-socialistas. Ou simplesmente mentirosos, demagogos e traiçoeiros?
XI
Vai aí um grande e majestático coral de uma qualquer "união nacional". Muita concórdia, monocórdica, monocromática, benzida, refulgente mesmo. Mas temos um regime. Em degenerescência é certo, mas democrático, eleitoral, feito de alternativas políticas e programáticas. Agora, acima de tudo o mais, até meio de Maio, é preciso negociar e subscrever o programa de ajustamento com a Troika. Mas depois vamos à democracia. Com divergências nas visões do futuro nacional e nas propostas para reganharmos a esperança. A democracia não morreu! “União nacional”, sagrada ou abençoada: não, obrigado! Queremos a democracia e: Mudar, Mudar, Mudar!
José Pinto Correia, Economista
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