Porque não pode, então, o desporto viver ausente da política e dos valores essenciais que exprimem os projectos políticos e os direitos e liberdades individuais?
Consideremos alguns dos pressupostos definidores da política e dos seus respectivos processos, tal como eles se definem em substância e na época contemporânea.
O Homem moderno vive em sociedade, mantém permanentes relações com outros seres humanos, é um indivíduo único e original portador de esfera autónoma de direitos e deveres, perfilhando valores com tradição cultural estabelecida ao longo de muitos anos pelos quais conforma os seus comportamentos e condutas e formata as respectivas escolhas e opções.
Na vida em sociedade o Homem desenvolve actividades variadas às quais atribui valor especial porque lhe garantem a satisfação de necessidades e conferem utilidade e bem-estar, dignificando a sua vida e dando particular concretização às suas expectativas.
O Homem actua, por conseguinte, de acordo com os seus interesses específicos mas em ligação com outros indivíduos e num espaço comum, o espaço público. Neste espaço passam a coexistir e conjugar-se as diversas esferas individuais em decisões e escolhas que interessam aos diferentes indivíduos em presença.
O arbítrio destes vários interesses constitui a essência da política, a qual em substância define as regras de condução dos múltiplos interesses individuais e estabelece as escolhas que são comuns aos homens em relação no espaço público. A política é, portanto, e acima de tudo, uma actividade social que implica sempre uma atitude de diálogo e nunca apenas um monólogo em que uma parte se impõe decisiva e continuamente a outras partes em relação.
“A Política, no seu sentido mais amplo, é a actividade através da qual as pessoas fazem, preservam e alteram as regras gerais sob as quais vivem” (Andrew Heywood, Politics, 2007). Por conseguinte, a política está em permanente evolução e advém da contribuição permanente e capacitada dos indivíduos, os quais actuam cumprindo as regras gerais que aceitam no convívio social ou, no limite, alteram ou adaptam essas mesmas regras.
Nunca a política pode ser monocórdica, impositiva de vontade única ou unívoca e desmotivadora da participação voluntária e empenhada dos homens, os quais deste modo, pela sua envolvida participação, se tendem a tornar cidadãos da “polis”.
Na concepção moderna a “cidade-estado grega” tende a ser substituída e representada pelo Estado. Por isso, a política passa a voltar-se para “aquilo que respeita ao Estado” e a focar-se nas pessoas e na “maquinaria do governo” que o representam. A essência do governo e o seu exercício de autoridade passam a estar no centro da política que procura o estabelecimento de um conjunto de “valores de autoridade” que sejam comummente aceites na sociedade e reconhecidos como merecedores de obediência pela maioria larga dos cidadãos.
Desta comunhão de valores sociais derivam as decisões que estabelecem os planos de acção concretos para a comunidade e que definem as respectivas políticas públicas. Estas visam concretizar as regras gerais e valores partilhados e conduzir a comunidade dos indivíduos organizados politicamente para a realização de determinados objectivos e finalidades. As políticas públicas materializam, portanto, os valores políticos e resultam da actividade de governo da respectiva comunidade.
“A Política não é uma ciência…mas uma arte” terá dito o Chanceler Bismark no parlamento alemão. A “arte” que estava subjacente nesta afirmação era sobretudo a arte do governo, aquela que se encontra no exercício do controle e poder sobre a sociedade através da obrigatoriedade da aplicação das denominadas decisões colectivas que esse mesmo governo adopta em nome da comunidade que representa.
Mas a concepção moderna da política nas sociedades complexas implica o envolvimento conjunto de um leque relativamente alargado de corpos públicos e privados que fazem com que a ideia tradicional de governo seja ora substituída pela de governança.
Perde portanto fulgor a concepção partidária da política que a restringia a projectos ideológicos comandados por partidos políticos nos quais os respectivos dirigentes assumiam poderes avultados e tendencialmente incontestados.
Nesta perspectiva da política os seus actores principais, os políticos, tendem a ser vistos na mentalidade popular muitas vezes como “hipócritas à procura de poder e que escondem a ambição pessoal sob uma retórica de serviço público e de convicção ideológica” (Heywood, idem,2007).
Surgem desta acepção fenómenos de recusa da política que se vê associada a exemplos de desonestidade e corrupção, desviando-se da moralidade e da ética e colando-se aquilo que se denomina por “politicagem”; também surgem fenómenos de favorecimento e privilégio pessoal, carreirismo político com ausência de preceitos de mérito e valor profissional dos membros da “classe política”.
Mas na “nova política da governança”, o centro do processo político é muito mais diverso com os seus intérpretes e processos mais plurais, não se restringindo aos actores políticos partidários tradicionais, e dando espaço ao aparecimento de novos intervenientes e legitimidades, os quais passam a corporizar outras racionalidades e mais diversidade de projectos para a comunidade onde imprimem a sua acção empenhada.
Face a esta diversidade de agentes políticos actuando no espaço público é natural aparecerem múltiplos projectos, escolhas e decisões, possíveis por afirmação da liberdade de indivíduos e instituições.
A complexidade política surge, assim, intrinsecamente associada à afirmação da liberdade individual em toda a sua expressão natural e à participação plural das instituições públicas, não públicas e privadas, no centro do processo político comunitário.
Como se integra ou deve integrar o desporto e o respectivo sistema desportivo, aos seus níveis nacionais e internacionais, neste movimento de pluralidade e liberdade individual que caracteriza os processos políticos modernos, onde predomina não apenas o Estado e o governo mas a complexidade da governança?
Consideremos alguns dos pressupostos definidores da política e dos seus respectivos processos, tal como eles se definem em substância e na época contemporânea.
O Homem moderno vive em sociedade, mantém permanentes relações com outros seres humanos, é um indivíduo único e original portador de esfera autónoma de direitos e deveres, perfilhando valores com tradição cultural estabelecida ao longo de muitos anos pelos quais conforma os seus comportamentos e condutas e formata as respectivas escolhas e opções.
Na vida em sociedade o Homem desenvolve actividades variadas às quais atribui valor especial porque lhe garantem a satisfação de necessidades e conferem utilidade e bem-estar, dignificando a sua vida e dando particular concretização às suas expectativas.
O Homem actua, por conseguinte, de acordo com os seus interesses específicos mas em ligação com outros indivíduos e num espaço comum, o espaço público. Neste espaço passam a coexistir e conjugar-se as diversas esferas individuais em decisões e escolhas que interessam aos diferentes indivíduos em presença.
O arbítrio destes vários interesses constitui a essência da política, a qual em substância define as regras de condução dos múltiplos interesses individuais e estabelece as escolhas que são comuns aos homens em relação no espaço público. A política é, portanto, e acima de tudo, uma actividade social que implica sempre uma atitude de diálogo e nunca apenas um monólogo em que uma parte se impõe decisiva e continuamente a outras partes em relação.
“A Política, no seu sentido mais amplo, é a actividade através da qual as pessoas fazem, preservam e alteram as regras gerais sob as quais vivem” (Andrew Heywood, Politics, 2007). Por conseguinte, a política está em permanente evolução e advém da contribuição permanente e capacitada dos indivíduos, os quais actuam cumprindo as regras gerais que aceitam no convívio social ou, no limite, alteram ou adaptam essas mesmas regras.
Nunca a política pode ser monocórdica, impositiva de vontade única ou unívoca e desmotivadora da participação voluntária e empenhada dos homens, os quais deste modo, pela sua envolvida participação, se tendem a tornar cidadãos da “polis”.
Na concepção moderna a “cidade-estado grega” tende a ser substituída e representada pelo Estado. Por isso, a política passa a voltar-se para “aquilo que respeita ao Estado” e a focar-se nas pessoas e na “maquinaria do governo” que o representam. A essência do governo e o seu exercício de autoridade passam a estar no centro da política que procura o estabelecimento de um conjunto de “valores de autoridade” que sejam comummente aceites na sociedade e reconhecidos como merecedores de obediência pela maioria larga dos cidadãos.
Desta comunhão de valores sociais derivam as decisões que estabelecem os planos de acção concretos para a comunidade e que definem as respectivas políticas públicas. Estas visam concretizar as regras gerais e valores partilhados e conduzir a comunidade dos indivíduos organizados politicamente para a realização de determinados objectivos e finalidades. As políticas públicas materializam, portanto, os valores políticos e resultam da actividade de governo da respectiva comunidade.
“A Política não é uma ciência…mas uma arte” terá dito o Chanceler Bismark no parlamento alemão. A “arte” que estava subjacente nesta afirmação era sobretudo a arte do governo, aquela que se encontra no exercício do controle e poder sobre a sociedade através da obrigatoriedade da aplicação das denominadas decisões colectivas que esse mesmo governo adopta em nome da comunidade que representa.
Mas a concepção moderna da política nas sociedades complexas implica o envolvimento conjunto de um leque relativamente alargado de corpos públicos e privados que fazem com que a ideia tradicional de governo seja ora substituída pela de governança.
Perde portanto fulgor a concepção partidária da política que a restringia a projectos ideológicos comandados por partidos políticos nos quais os respectivos dirigentes assumiam poderes avultados e tendencialmente incontestados.
Nesta perspectiva da política os seus actores principais, os políticos, tendem a ser vistos na mentalidade popular muitas vezes como “hipócritas à procura de poder e que escondem a ambição pessoal sob uma retórica de serviço público e de convicção ideológica” (Heywood, idem,2007).
Surgem desta acepção fenómenos de recusa da política que se vê associada a exemplos de desonestidade e corrupção, desviando-se da moralidade e da ética e colando-se aquilo que se denomina por “politicagem”; também surgem fenómenos de favorecimento e privilégio pessoal, carreirismo político com ausência de preceitos de mérito e valor profissional dos membros da “classe política”.
Mas na “nova política da governança”, o centro do processo político é muito mais diverso com os seus intérpretes e processos mais plurais, não se restringindo aos actores políticos partidários tradicionais, e dando espaço ao aparecimento de novos intervenientes e legitimidades, os quais passam a corporizar outras racionalidades e mais diversidade de projectos para a comunidade onde imprimem a sua acção empenhada.
Face a esta diversidade de agentes políticos actuando no espaço público é natural aparecerem múltiplos projectos, escolhas e decisões, possíveis por afirmação da liberdade de indivíduos e instituições.
A complexidade política surge, assim, intrinsecamente associada à afirmação da liberdade individual em toda a sua expressão natural e à participação plural das instituições públicas, não públicas e privadas, no centro do processo político comunitário.
Como se integra ou deve integrar o desporto e o respectivo sistema desportivo, aos seus níveis nacionais e internacionais, neste movimento de pluralidade e liberdade individual que caracteriza os processos políticos modernos, onde predomina não apenas o Estado e o governo mas a complexidade da governança?
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