Hoje de manhã fui juntamente com a minha esposa à nossa médica de família, num consultório privado, onde somos regularmente seguidos há muitos anos.
Quando entrámos deparámo-nos com um consultório cheio de doentes e logo de imediato a minha esposa deu conta que se encontrava uma família com uma criança que fungava abundantemente e tinha sintomas de febre. Essas pessoas tinham vindo, soube-se de imediato, de avião no início da semana do estrangeiro, mais precisamente de França. E levaram a criança ao consultório, para o meio de outras pessoas, sem seguirem as recomendações de contactarem com a linha saúde 24, o 800242424.
A senhora da recepção do consultório ainda tentou infrutiferamente que as outras pessoas deixassem entrar a criança à sua frente para ser vista pela médica e despistada a sua doença – que bem poderia ser a gripe A. Perante a recusa dos outros doentes, a criança só quando chegou a sua vez foi vista, pelo que ficou a respirar para o ambiente do consultório com a probabilidade de transmitir o vírus se tivesse a doença em causa.
Claro que eu e a minha esposa saímos cá para fora para o ar puro e só entrámos quando fomos chamados para sermos consultados.
Falámos dentro do consultório sobre a situação com a nossa médica que nos confirmou a possibilidade de a criança ter a gripe A. Disse-nos também que tinha dado instruções aos pais da mesma para se manterem em casa que o consultório entraria em contacto com a linha saúde 24 para que estes tomassem conta da ocorrência dentro das regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Mas cá fora no átrio as funcionárias do consultório não conseguiam contactar a linha 24 depois de gastarem períodos e períodos telefónicos à espera do atendimento. Comunicaram essa impossibilidade à médica que perante nós, incrédula, entrou em contacto com a linha de atendimento da consulta do viajante da Cova da Piedade. E disse-nos que a única maneira que teria de resolver o problema, uma vez que não conseguiam contactar a linha 24, era ir ela mesma, depois de finalizar a consulta, à Cova da Piedade entregar o caso aquele serviço do Ministério para que lhe fosse dada solução adequada.
Viemo-nos embora já quase às duas da tarde e não sabemos como terminará este caso. Mas uma coisa é certa, esta situação é exemplar do Portugal no seu melhor. Muitos anúncios, muitas conferências de imprensa, muita propaganda, muita ilusão, e no terreno, no concreto, tudo o que deveria funcionar não funciona. Linha 24, a tal que funciona 24 sobre 24, mas nada.
E no meio desta situação anómala os portugueses num consultório perante a possibilidade de serem infectados pela doença do dia incapazes de reconhecerem a prioridade no atendimento de uma criança possivelmente infectada, levada directamente por adultos imprevidentes e “incultos” para um consultório privado. Isto é Portugal maravilhoso, no seu expoente máximo: incultura, ineficácia e improviso.
Valha-nos Santo Ambrósio…!
1 comentário :
O número e 808242424
... Talvez assim funcione 24h /dia
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