«O instrumento de colectivização preferido actualmente é o Estado Assistencial. Os colectivistas não abandonaram a sua meta final – subordinar o indivíduo ao Estado – mas a sua estratégia mudou. Aprenderam que o socialismo pode ser atingido através do Assistencialismo tão bem quanto através da Nacionalização. Compreendem que a propriedade privada pode ser confiscada tão eficazmente pela tributação quanto por expropriação. Compreendem que o indivíduo pode ser colocado à mercê do Estado não apenas tornando o Estado seu empregador – mas privando-o dos meios de prover as suas necessidades desde o berço até ao túmulo. Além disso, descobriram – e aqui está o ponto crítico – que o Assistencialismo é muito mais compatível com os processos políticos de uma sociedade democrática. A Nacionalização encontra oposição popular, mas os colectivistas sentem-se seguros de que o Estado Assistencial pode ser construído pelo simples expediente de comprar votos com promessas de hospitalização “gratuita”, proventos de aposentadoria “gratuitos” e por aí em diante. (…)
Não nos agrada essa mudança de estratégia. O Socialismo através do Assistencialismo cria um perigo muito maior para a liberdade do que o Socialismo através da Nacionalização, precisamente porque é mais difícil de combater. Os males da Nacionalização são evidentes por si próprios e imediatos. Os do Assistencialismo são velados e tendem a ser adiados. As pessoas são capazes de compreender as consequências da entrega da propriedade da indústria siderúrgica, digamos, ao Estado; e é possível contar que se oponham a tal proposta. Mas aumente o governo a contribuição para o programa de “Assistência Pública” e nós, no máximo, resmungaremos contra as despesas governamentais excessivas. O efeito do Assistencialismo sobre a liberdade será sentido mais tarde – após os seus beneficiários se terem tornado as suas vítimas, após a dependência em relação ao governo se ter tornado servidão e ser tarde de mais para abrir as portas da prisão. (…)
Consideremos as consequências para quem recebe assistencialismo. Em primeiro lugar, ele hipoteca-se ao governo (federal). Em troca dos benefícios – pelos quais, na maioria dos casos, ele paga – concede ao governo o máximo de poder político – o poder de conferir-lhe ou negar-lhe as coisas necessárias à vida, como o governo achar necessário. Ainda mais importante, porém, é o efeito sobre ele – a eliminação de todo o sentimento de responsabilidade pelo seu próprio bem-estar e pelo da sua família e dos seus vizinhos. É possível que um homem não compreenda imediatamente, ou nunca compreenda, o dano assim causado ao seu carácter. De facto, este é um dos grandes males do Assistencialismo – transformar o indivíduo de um ser espiritual digno, industrioso, auto-confiante, numa criatura animal dependente sem o saber.»
Barry Goldwater, “The Conscience of a Conservative”, 1963. Texto retirado e adaptado do BLOG Blasfémias.
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