I
Luís XIV: O "Rei-Sol". "O Estado sou eu". Murmúrios de outros sítios ou tristes realidades, trágicas encenações, manipulações obscenas, do nosso Portugal de hoje? E a democracia o que será feito dela? Se o País e a Nação se vergarem ao corrompido poder de um malfadado engenheiro...?
II
"Sob Luís XIV a França conheceu a maior centralização governamental que se pode conceber, visto que o mesmo homem estabelecia as leis gerais e tinha o poder de as interpretar, representava a França no exterior e agia em nome dela" (Alexis de Tocqueville, "A Democracia na América", Livro I, 1835).
III
Mário Soares veio hoje a terreiro. Disse verdades incómodas e exigíveis a um verdadeiro democrata e ex-Presidente. Colocou uma pedra enorme no sapato do pretenso iluminado. Que faz tudo como lhe dá nas ganas e no "diabo a cetra". A nossa liberdade vai ter de passar pelo interior do PS. Ou mexe, e muito, e abana/sacode o "Action Man", ou vamos ter de o derrotar eleitoralmente.
IV
Não, não podemos nem queremos suspender a democracia. As soluções não são únicas nem podem ser impostas sem diálogo. A democracia é diálogo. Não há monopólio da verdade. Sobretudo de quem nunca mostrou querer conviver saudavelmente com ela. Democracia tem regras, e parceiros e instituições. A ditadura de iluminados era antes de 1976. Respeito. Respeito democrático em 2011...!
V
"Oh! nom praza Barrabás!
Se Garcia Moniz diz
que os que morrem como eu fiz
são livres de Satanás... (Enforcado, Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente).
VI
Ah! Estado Social, Estado Social, Estado Social! "Glória Mundo". Eterno, inexpugnável, exemplaríssimo. Contra tudo e contra todos. Contra os que são contra ou não. Todos, todos. Uma bandeira do "Nome da Rosa"! Pinto de Sousa, melhor dito. Megafones em punho. Avante, avante. "Defender Portugal"!
VII
Grandezas do Principezinho: O Golfe de Estado! Um joguinho sereno, manso, rebuscado, limpinho, verdinho, abandeirado, “celestino”. O segredo para a nossa salvação. Uma ajudinha para os senhores do jogo. Do Estado Principesco. Engenharias. Económico-sociais. Bolinhas de Golfe (melhores do que as de Berlim?)...!
VIII
Teixeira, o "Ministro da Falta de Finanças", que já vendeu muitos dos anéis da "Cidadela" em 2009, berra agora contra os que o sustentaram no seu posto descomandado. Pois é, quando a face já não tem cura vai de tentar emporcalhar a dos outros. Cospe na mão que lhe foi estendida e que despedaçou. Tenha um pingo de educação Doutor Teixeira...!
IX
Teixeira dos Santos é o advogado do diabo. Corrompeu a sua alma e entregou-a há muito ao dito. Por isso, nestes dias da tempestade que sempre negara, o Doutor Teixeira lembra o Ministro da Propaganda de Sadam Hussein quando cantava vitória com os tanques americanos nas costas.
X
"Entra cá, governarás
atá as portas do Inferno." (Diabo, Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente).
XI
Entendamo-nos: "Quem não tem uma mentalidade democrática nem probidade epistémica, tenta manipular a discussão - ou impedir que esta chegue a ocorrer. Mas o que se deve fazer é acolher a discussão e aceitar tranquilamente a decisão da maioria" (Desidério Murcho, "Filosofia em Directo", Janeiro de 2011).
XII
Morramos, pois
hoje, amanhã, depois.
Viveremos mais, de novo,
Quando nos for dada outramente.
Mentalmente sãos, então,
seremos nós vivos, sempre...! (Deste que se assina).
XIII
Democracia. Democracia. Democracia. Regras. Regras. Regras. Instituições. Representantes. Representados. Vontade Popular. Legitimidade. Credibilidade. “Confiabilidade”. Verdade. Verdade. Verdade. Respeito. Respeito. Respeito.
XIV
E continua: "Se nós formos incapazes de compreender que a governação deles seria melhor, ou se por qualquer razão a rejeitamos, eles não poderão ter qualquer boa razão para violar a nossa decisão - mas têm uma boa razão para nos explicar pacientemente como governar melhor" (Desidério Murcho, idem).
XV
"Seria sem dúvida razoável da nossa parte aceitar a sua governação; mas daqui não se conclui que eles tenham o direito de no-la impor. Há uma grande diferença entre ajuda consentida - que nem sequer implica paternalismo - e a imposição da ajuda" (Desidério Murcho, ibidem).
XVI
Moral da História ou História Amoral: "O Principezinho da Mentirolândia"
Era uma vez um pequeno príncipe com orelhas de burro. O jovem tinha faltado muito às boas lições da vida e da sua Escola. E não tinha aprendido a ser verdadeiro, a contar as suas más acções, a fazer os trabalhos de casa e as contas de somar e multiplicar. Só aprendeu as de subtrair. Mas era muito truculento. Não parava de atirar as culpas para os outros meninos quando falhava.
E era muito valente. Sobretudo como os mais pequenos e fracos. Que fazia, que acontecia, que edificava, que mandava, que mandava e mandava sem fim. Ah! O valentão adorava a sua imagem, o espelho em que ela se passava continuamente na “Mentirolândia”. E dava-se em esbelta figura às lentes ampliadoras da sua excelência. Foi assim durante muito, muito tempo, anos imensos. Até que um dia a maré do Rio Grande da sua cidade começou a deitar por fora...
O Rio Grande tinha começado a sair do leito. E transbordou até aos arrais do Palácio do Principezinho. Que continuava sem ver a luz do dia que amanhecera diverso. "Não, não, que era aquilo. Era só o que faltava". O Rio tinha de ser remetido aos seus azimutes de mansidão. Podia lá ser. A torrente fora de si. Logo do Rio Grande de que ele tão desveladamente tratava há anos...
Espelho meu, espelho meu, existe alguém tão bondoso quanto eu? Vou ter de recomunicar a minha dialéctica principesca, pensou o excelso. Não é que nem o Rio se conformava, nem os barqueiros queriam embarcar na nau em que é mister Sua Senhoria. "Não, não poderá ser". "Hão-de escutar vozes do além-mar e terra". "Vou amplificá-las, pois são minhas intimidades portentosas e valiosíssimas".
Ei-las que se deram a ouvir. Radiosas, dessas “Europas”. Estão connosco, avalizam Sua Senhoria? É o que o Principezinho vai fazer constar. Que tem a salvação das almas que apascentou. Que é um defensor de mouros, de celtas, de iberos, de visigodos e até de judeus. Ave, Ave, jubila de novo o grande génio dos Montes Hermínios...
Ah! Traição ou malditos! Corifeus, infiéis, bárbaros! Não reclamam a vitória eminentíssima de Sua Alteza. Querem sangue? Volúpia de poder, querem-no? Nunca o terão, pois. Guerra é guerra. Às trincheiras cavaleiros da excelsa figura. Trompetas, megafones, ondas hertzianas, tudo vale de novo. Às vinte, ao norte e ao sul, ao leste e ao oeste!
Já se ouve a canção real. "Às vinte esperarei por si, você não faltará!"
José Pinto Correia, Economista
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