quarta-feira, 9 de março de 2011

“O Coro dos Aflitos”

Anda para aí uma certa melodia encantatória, cantada a várias vozes, reconhecida e interessada no quase que provável desvario da Pátria. São senhores, grandes senhores, sempre plenipotenciários do regime de que nasceram e que serviram. E se serviram. Não só eles mas muitos mais, próximos, filhos, amigos, afilhados e enteados mesmo. Ei-los que descobriram as horas difíceis da Nação. Do seu Povo, de que agora tão denodadamente dizem ser queridos. Vivem angustiados nestas horas. São eles o nosso “Coro dos Aflitos”. Dos que se mostram em extremosa aflição. Quando aterram em Portugal ficam atemorizados. Já não há vida para além do défice nestes dias de penumbra para estas “Santas Almas”. A economia cheira mal e é pequenita e pobre e afinal merece atenção. Pode perder-se por estes tempos o faustoso diálogo com a civilização europeia e com outras por este caminho. Perder-se-ia o “diálogo das civilizações”? Embaraçante esta miseranda situação da Pátria. E surgiu do nada. Era tudo tão bom aqui há uns anitos. Não era? Faziam-se discursos redondos, oratórias infindas, dizia-se tudo e o mais. Entendível? Que importava, era preciso falar, sempre, carradas de palavras. “Mas ai de nós que agora isto é uma aflição”. Credo, vá de retro, esconjure-se, excremente-se a conjura que nos aflige! Juntemo-nos todos, montes de salvadores, se possível os que se conhecem. São bons, são conhecidos, jogam dentro dos círculos dos poderes visados, dos cultos, e melhor ainda, dos ocultos. Ah! Que coragem não é necessária para entoar este hino à salvação da Pátria. São assim os nossos aristocratas regimentais. Quando menos se espera vêm aventar as boas e saudáveis soluções. Enchamos Suas Senhorias de Rosas, muitas e muitas Rosas. Porque pão os novos profetas, os cantantes da aflição, já têm de sobra. Ai não que não têm…, depois de tantos anos a servirem desveladamente!

José Pinto Correia, Economista

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