Portugal atravessa momentos dificílimos. Tem fracas perspectivas de escapar a uma intervenção externa de apoio ao seu financiamento externo, está num clima económico de recessão, tem um modelo económico frágil e sem potencial de crescimento económico visível a prazo.
Tinha por tudo isto, por estas enormes limitações estruturais, óbvia necessidade de ter uma perspectiva nova e de médio prazo sobre o que podem e devem ser as suas apostas económicas, como será possível crescer mais, aumentar a competitividade dos seus sectores económicos expostos à concorrência internacional, como melhorar apreciavelmente a sua produtividade sectorial, e, ainda mais, como escolher novos investimentos produtivos na indústria ou na agricultura capazes de gerarem mais riqueza, exportações competitivas e empregos.
Enfim, Portugal tem extrema necessidade urgência no modo de definir uma adequada estratégia de crescimento económico, baseada no conhecido diagnóstico das nossas inúmeras fragilidades e insuficiências estruturais. Mas para isso teria, desde logo e em primeira prioridade, de ter um Ministro da Economia que estivesse na linha da frente dessas perspectivas, impulsionasse as empresas competitivas, facilitasse as discussões da estratégia e da selecção de novos investimentos produtivos, enfim fosse um real catalisador dos empreendedores que tivessem ou pudessem vir a ter projectos de criação de mais riqueza para o País.
Mas infelizmente no nosso actual Governo o Ministro da Economia anda desaparecido em parte incerta. Não se ouve, nem se faz ouvir. Está quieto e mudo. O Ministério não tem actuação visível no encontrar de verdadeiros e imprescindíveis caminhos e soluções para uma nova agenda de crescimento económico de que Portugal carece como mais eficaz instrumento de superação estrutural da sua gravíssima crise financeira e económica.
Todos sabemos que a nossa economia é frágil e pequena, mas também podemos acrescentar que essa insuficiência obriga a uma muito maior colaboração de todos os seus actores nesta situação de extrema dificuldade em sair de um ciclo de crescimento ridiculamente baixo que atravessou toda a última década.
São, por isso mesmo, necessárias boas estratégias sectoriais, bons projectos de investimento com apreciáveis rentabilidades e qualidade de produtos e preços competitivos, a eficaz e dinâmica cooperação entre empresas existentes e outras que nasçam, o fortalecimento das capacidades das associações empresariais, e uma muito boa ligação dos empresários aos serviços do Estado que apoiam a internacionalização das empresas nacionais.
E esta “empreitada estratégica” implicaria que o Ministro da Economia e o seu Ministério tivessem uma actuação ambiciosa, sem desfalecimento, com iniciativas contínuas de favorecimento da aproximação entre as boas empresas e os mercados interno e externo.
O que se exige do Ministério da Economia é uma atitude proactiva e ambiciosa em favor da projecção das actividades económicas existentes e de outras novas que possam querer surgir. E também a capacidade de apresentar “linhas de orientação estratégica” para que a economia portuguesa possa ganhar mais competitividade internacional, criar mais riqueza e expandir continuadamente o seu potencial económico.
Por isso mesmo, não se pode aceitar nem compreender a completa ausência do actual Ministro da Economia daquilo que deve ser um combate intrépido e prolongado pelo crescimento económico do País, o qual é indispensável para que se possa antever um futuro mais promissor, quer em termos de emprego quer de qualidade de vida para os portugueses de todas as gerações.
Faz muitíssima falta a Portugal nos tempos de extrema dificuldade e exigência que são os de agora um Ministro da Economia que seja capaz de liderar uma agenda forte e profunda de crescimento económico, e que mobilize as empresas e os seus empresários e representantes associativos em redor de uma verdadeira estratégia de investimento produtivo que volte a apostar eficazmente nos sectores da indústria e da agricultura, considerando-os como os mais capacitados para promoverem quer as exportações de bens competitivos à escala internacional, quer mesmo a substituição de importações que actualmente constituem parcela relevante do nosso endividamento externo.
José Pinto Correia, Economista
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