Olha o leilão. Quem quer, quem quer? Venham cá fregueses. Sete, vírgula, setenta e cinco! É para o menino, para o moço, para o mais janota dos janotas, e para o Algarve e para o Minho.
Vale muito, vale pouco? Serve para viver, para sobreviver, para empobrecer, para remanescer, para desaparecer?
Que importam lá essas pequeninas coisas: do viver com dignidade, da vontade de viver com sonhos, de querer outra realidade, outros futuros, novas conquistas e ambições.
O que tem de ser tem toda a força! Sobrevivência mesmo é a da engenharia que governa. Ou melhor: da que ainda insiste em dizer que governa.
Porque de facto essa mesma maquinação só já lá está sentada nas cadeiras, à espera que lhe saia uma sorte que não controla. Mas que deseja profundamente. A de que lhe saia o Euromilhões, o prémio grande, aquele que dá quase tudo para tudo e o mais que for.
Esse jogo grande dos meninos que mandam e têm como mandar joga-se lá para Berlim, e Frankfurt, e talvez até um pouco em Bruxelas e Paris.
Mas tem de se ter cuidado para não espantar a caça, a guarda do tesouro, a Dona da casa-forte.
O ouro é de lei e serve para manter aqui esta velha lei, aquela que vem de há anos. E que quer permanecer, ficar, manter-se, reproduzir-se, estatizar-se ainda mais, se tal ainda for possível.
Querem saber mais alguma coisa? O que vai ser “o dia depois”, o que se segue à roleta em que o “maestro-jogador” está a jogar?
Nem perguntem, não há nem pode haver boas e certas respostas. Para que serviriam essas indagações segundo os cânones regentes?
Desviariam a acção, a muita reactividade, a permanente agitação do condutor. Não é nada necessário saber aonde nos vai levar a “excelsa figura”. Vamos, vamos, corremos, voamos, imparáveis. O que não se pode é ficar paralisado, amedrontado, quieto. Agitemo-nos pois, vençamos as resistências, cerremos fileiras, defendamos Portugal. Joguemos tudo no ataque, na traquinice, marchemos, marchemos ao som da marcha de guerra.
Venceremos, venceremos, com o homem que nos tem na mão! Legítimo, magnífico, imbatível, combatente infrene, um Maioral. Sigamos o líder que nos foi dado e cantemos alto o nosso hino. Contra os canhões, contra os abutres, contra os predadores, contra os que estão contra também, e muito, frontalmente.
Nada nem ninguém pode ter dúvidas. Vamos para vitória e sem paredes de vidro. Com Rosas, centos e centos de Rosas.
Aleluia. Glória, glória, Aleluia! Bem-haja a nossa bem-aventurança! Ainda havemos de ser um grande Portugal.
Seremos ou não seremos, essa nem é a questão. Está tudo tão claro, tudo tão magnificamente tratado. Corações ao alto…!
Notinha de Rodapé: Tomará posse o Senhor Presidente. Que tem um discurso para nós. Qual seja? O discurso do Rei esteve em voga ultimamente. Talvez possamos ter um “Presidente-Rei”. Hoje e nos meses seguintes num Palácio perto de si. Veremos ou não…?!
José Pinto Correia, Economista
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