O Partido Socialista foi fundado por homens e mulheres que acreditavam profundamente na democracia como regime e na liberdade como critério fundador do mesmo. E tinham ideias de solidariedade, coesão e justiça social, e também de equidade interclassista e geracional. Queriam mais equilíbrios sociais, melhores condições de vida e dignidade humanas. Mas respeitavam sempre os critérios básicos e as instituições da democracia. Nunca admitiram viver sem respeito pelas instituições basilares do regime democrático que tão custosamente ajudaram a pôr de pé em Portugal. Por tudo isto, que é matricial no espírito fundacional e nas práticas de muitos anos no PS, o que fez agora José Sócrates a Portugal é vergonhoso! E não só tem de ter como exige mesmo respostas políticas fortes no interior do PS, sobretudo de militantes históricos, que possam salvaguardar a legitimidade ideológica e democrática do Partido. Homens como Mário Soares, Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio, Jaime Gama, Manuel Alegre ou João Cravinho. Ou mulheres como Maria de Belém, Ana Gomes, Maria Carrilho e outras. Todos estes militantes do PS têm para defender um património de ideais, de lutas, de actos e de valores democráticos que José Sócrates veio agora tristemente colocar em causa. Portugal vai precisar ao longo dos próximos anos, que serão social e economicamente duríssimos, de um Partido Socialista moralmente inatacável e cujo espírito democrático não possa ser questionável. O modo insólito e anti-democrático como José Sócrates se vem a comportar, apresentando factos consumados ao País e à Nação, negociados fora e com completo desprezo das nossas instituições democráticas, é inaceitável. “Isto” tem de ter a relevância e a indignação de todos aqueles que no PS se prezam de respeitar as regras da democracia política e se reclamam dos valores que inspiraram os seus fundadores. A democracia, o respeito pelo povo e a sua liberdade, e a dignidade das instituições do regime constitucional foram postas realmente em causa pelo comportamento inqualificável de José Sócrates. É chegado o tempo de um sobressalto militante no interior do PS que possa salvaguardar o espaço de afirmação do Partido nas soluções dificílimas que Portugal vai ter de encontrar nos anos que aí vêm. Se é que este PS ainda quer manter-se fiel à sua matriz fundadora, aos seus representados e ao seu ideário político. Ou seja: ao socialismo democrático e aos direitos democráticos dos portugueses!
José Pinto Correia, Economista
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