terça-feira, 10 de maio de 2011

“O Xuxalismo Zero”

O vasto consulado do engenheiro Sócrates esteve especializado em dezenas e dezenas de anúncios de milhões, milhões e mais milhões, obras e mais obras, comboios, estradas, aviões, computadores, ventoinhas gigantes, choques e choques de modernidades e mais modernidades, subsídios e mais subsídios do nascimento à cova, e impostos, muitos impostos, desde o IVA ao IRS e IRC. E muitos milhares de milhões de euros de dívida pública e de endividamento externo despreocupadamente acumulados, porque o princípio base deste “Xuxalismo Socrático” era o do faça agora, mostre serviço e obras, endivide-se hoje e ainda mais amanhã e anos depois, porque a longo prazo estaríamos todos mortos. O “Xuxalismo Socrático” era uma fonte suprema de onde jorravam milhões e milhões por toda a parte, sem que os mandantes quisessem cuidar de saber de onde vinham os níqueis e até onde chegariam. Criavam-se, isso sim, como alimento melífluo regimental, as magníficas e esplendorosas mordomias, as benesses, muitas rendas grandiosas, dividendos chorudos para as empresas amigas, colocavam-se por lés e lés os milhentos correligionários do patrão da coisa pública, criava-se uma corte imensa de “meninos e meninas” colocadas no aparelho distributivo, e mantinham-se, assim mesmo, as agradecidas e obedientes ondas de gente e gente endividada ao “mestre da engenharia xuxalista”. E aos mais carentes, os ditos pobres do regime, os pensionistas e idosos, davam-se as réstias dos tributos do Estado omnipresente e omnipotente, onde o engenheiro se sentava no respectivo trono. Pelo meio faziam-se discursos magnânimes com narrativas de bem-estar eterno, segurado num Estado benevolente, bem entregue às mãos solidárias e engenhosas dos “donos da coisa nossa”. Tudo foi bem, mesmo magnificamente bem. Mas agora, em Abril de 2011, chegaram as contas para pagar desta “Festa Xuxalista”! Que vai ser paga por todos nós. Durante vários anos de duras vidas, com o desfazer das fantasias e ilusões da pretensa abastança anterior. E ainda vamos ouvir, no meio desta longa e duríssima jornada de reconstrução de Portugal, as criaturas de toda aquela tramóia xuxalista destes últimos anos a brandirem as armas do medo e os espantalhos das desgraças sobre todos aqueles muitos e muitos milhares de portugueses fragilizados e dependentes que eles tão vergonhosa quanto tresloucadamente esqueceram na sua aventureira e vertiginosa volúpia do poder. Porque agora, os “Xuxalistas Socráticos” alimentam o medo para tentarem ocultar a sua completa ausência de soluções para a monstruosidade política, económica e social que criaram. Agora, nesta situação trágica ainda vêm com um triste arremedo de política, baseada no truque indecoroso de instilarem os receios nos mais frágeis e dependentes que eles abandonaram durante tanto tempo. Sócrates e os seus afiliados vêm agora com esta versão de um “Xuxalismo Zero”, um programa requentado de propaganda, sem propostas para os vastíssimos problemas do País, centrado em acenar e agitar espantalhos sobre as propostas alheias, e ainda na tentativa medíocre e imoral de instilarem o medo naqueles milhares de portugueses que eles tão despudoradamente esqueceram na sua vertigem bilionária de gastos e acumulação de dívidas.


José Pinto Correia, Economista

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